Moro critica demora para início da vacinação: 'Tem presidente em Brasília?'
Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro criticou hoje a demora para o início da vacinação contra o coronavírus no Brasil, sugerindo haver omissão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no processo e caracterizando seu governo como negacionista.
"Vários países, inclusive da América Latina, já estão vacinando seus nacionais contra a covid-19. Onde está a vacina para os brasileiros? Tem previsão? Tem presidente em Brasília? Quantas vítimas temos que ter para o governo abandonar o seu negacionismo?", escreveu Moro em uma rede social.
Mais de 40 países ao redor do mundo já começaram a imunizar sua população contra a covid-19. O primeiro deles foi o Reino Unido, no último dia 8, utilizando a vacina desenvolvida pela Pfizer junto à BioNTech. México, Chile e Costa Rica foram os primeiros da América Latina.
Mais cedo, Bolsonaro voltou a minimizar a demora para liberação e compra, por parte do governo, de vacinas. Segundo ele, diante de um mercado consumidor "enorme" como o Brasil, os laboratórios é que deveriam estar interessados nos pedidos de autorização junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e não o contrário.
"O Brasil tem 210 milhões de habitantes, um mercado consumidor de qualquer coisa enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para a gente? Por que eles não apresentam documentação na Anvisa?", questionou o presidente a um grupo de apoiadores no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Pessoal diz que eu tenho que ir atrás [das vacinas]. Quem quer vender [que tem que ir]. Jair Bolsonaro (sem partido) a apoiadores
"Não dou bola"
No sábado (26), Bolsonaro já havia feito pouco caso da situação, dizendo "não dar bola" para o fato de outros países já terem dado início à vacinação de seus cidadãos. A declaração foi feita logo após um passeio — sem máscara — em Brasília.
"Ninguém me pressiona para nada, eu não dou bola para isso", disse o presidente a jornalistas. "É razão, razoabilidade, é responsabilidade com o povo. Você não pode aplicar qualquer coisa no povo", completou.
(Com Estadão Conteúdo)
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