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Em reflexo de festas, Brasil tem maior nº de mortes desde agosto: 1.379

Nesta sexta-feira (8), o Brasil superou a marca dos 8 milhões de casos confirmados de covid-19 - Eduardo Anizelli/Folhapress
Nesta sexta-feira (8), o Brasil superou a marca dos 8 milhões de casos confirmados de covid-19 Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/01/2021 18h46Atualizada em 08/01/2021 20h48

Um dia após ultrapassar as 200 mil mortes provocadas pela covid-19, o Brasil alcançou outras tristes marcas nesta sexta-feira (8). Confirmando a previsão de médicos, o país atingiu o mais alto índice de pessoas infectadas pela covid-19 e o maior número de óbito confirmados em 24 horas desde 4 de agosto, exatas duas semanas após o início das festas de fim de ano. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

Pelo quarto dia consecutivo, o Brasil registrou mais de mil novas mortes por covid-19 entre um dia e outro. Nas últimas 24 horas, foram cadastrados 1.379 novos óbitos (maior marca desde 4 de agosto, com 1.394), com um total de 201.542 mortos desde o começo da pandemia.

Exatamente duas semanas após o Natal, o país voltou a apresentar aceleração na média móvel de mortes. Foram 872 mortes na média de sete dias, o que representa uma aceleração de 37% na comparação com 14 dias atrás. A última vez que o país teve média acima de 800 foi em 6 de setembro.

O país repete uma sequência que não via acontecer desde 18, 19, 20 e 21 de agosto (com 1.365, 1.170, 1.234 e 1.031 mortes, respectivamente), última vez na qual houve mais de mil novos óbitos em um intervalo de 24 horas durante quatro dias consecutivos. Em 5, 6 e 7 de janeiro, foram 1.186, 1.266 e 1.120, respectivamente.

Recorde de novos diagnósticos

Também hoje o Brasil ultrapassou a marca de 8 milhões de infectados pela doença, sendo o terceiro país do mundo a passar a marca, atrás apenas de Estados Unidos e Índia (com 21.808.008 e 10.413.417, respectivamente, em dados da Universidade Johns Hopkins).

De ontem para hoje, foram cadastrados 84.977 casos de covid-19 em todo o país. Até então, o recorde entre um dia e outro havia acontecido em 29 de dezembro (79.295). Deve-se ressaltar, porém, que o estado do Paraná não havia enviado dados atualizados antes do fechamento do boletim desta quinta (7), às 20h. Ou seja: estes números que estavam faltando foram inseridos no cálculo desta sexta. No total, são 8.015.920 infectados desde o início da pandemia.

Os altos números exatos 14 dias depois do Natal confirmam a previsão feita por epidemiologistas de que as festas de fim de ano elevariam os números de contaminados e mortos pela doença. Segundo eles, a tendência é continuar crescendo no mês de janeiro.

Dados do Ministério da Saúde

Em boletim divulgado nesta tarde, o Ministério da Saúde confirmou o registro de 52.035 testes positivos para o novo coronavírus nas últimas 24 horas em todo o país. Na quinta-feira (7), de acordo com as informações do Ministério, o Brasil bateu o recorde de novos casos de um dia para o outro, com 87.843. O total de infectados chegou a 8.013.708 desde o início da pandemia.

De ontem para hoje, houve 962 novas mortes causadas pela covid-19, segundo a pasta. Desde o começo da pandemia, 201.460 pessoas morreram devido à doença. O governo federal também informou que 7.114.474 pessoas se recuperaram da doença, com 697.774 outras em acompanhamento.

Nenhum estado em queda

Pela primeira vez desde que o consórcio de veículos de imprensa faz o cálculo, nenhum estado apresentou queda na média móvel. Por outro lado, 15 mais o Distrito Federal tiveram aceleração. Onze mantiveram estabilidade.

Das regiões, apenas o Centro-Oeste ficou estável (11%). As demais, apresentaram aceleração: Nordeste (17%), Norte (110%), Sudeste (47%) e Sul (25%).

Especialistas indicam cálculo de média móvel

Para medir a situação das mortes por causa da covid-19, especialistas indicam usar a média móvel dos óbitos, que calcula a média de registros observada nos últimos sete dias. A operação é a mais adequada para observar a tendência das estatísticas, por equilibrar as variações abruptas dos números ao longo da semana.

O consórcio de veículos de imprensa adotou esse período para verificar as oscilações na média móvel. É possível falar em queda nos números quando a diminuição é maior do que 15% se verificado nos últimos 14 dias —no caso, o período das duas últimas semanas. Caso os números aumentem mais do que 15%, há aceleração da epidemia. Valores intermediários indicam estabilidade.

Veja a situação por estado e no Distrito Federal:

Região Sudeste

  • Espírito Santo: estável (7%)

  • Minas Gerais: estável (-5%)

  • Rio de Janeiro: aceleração (95%)

  • São Paulo: aceleração (61%)

Região Norte

  • Acre: aceleração (23%)

  • Amazonas: aceleração (230%)

  • Amapá: aceleração (38%)

  • Pará: estável (14%)

  • Rondônia: aceleração (78%)

  • Roraima: aceleração (500%)

  • Tocantins: aceleração (140%)

Região Nordeste

  • Alagoas: estável (-2%)

  • Bahia: estável (0%)

  • Ceará: aceleração (195%)

  • Maranhão: estável (-7%)

  • Paraíba: aceleração (44%)

  • Pernambuco: estável (-13%)

  • Piauí: estável (-4%)

  • Rio Grande do Norte: aceleração (42%)

  • Sergipe: aceleração (32%)

Região Centro-Oeste

  • Distrito Federal: aceleração (37%)

  • Goiás: aceleração (58%)

  • Mato Grosso: estável (-9%)

  • Mato Grosso do Sul: estável (-9%)

Região Sul

  • Paraná: aceleração (63%)

  • Rio Grande do Sul: aceleração (16%)

  • Santa Catarina: estável (-7%)

Veículos se unem pela informação

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes de autoridades e do próprio presidente durante a pandemia colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.