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Não tenho dúvida que Anvisa vai autorizar CoronaVac, diz Gabbardo

João Gabbardo é coordenador-executivo do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
João Gabbardo é coordenador-executivo do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

13/01/2021 15h07

O coordenador-executivo do Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo, demonstrou confiança hoje na aprovação da CoronaVac pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, a vacina contra a covid-19 tem um pedido de uso emergencial em análise na agência federal, que prometeu uma decisão para domingo (17).

Não tenho dúvida que a Anvisa vai autorizar o registro da vacina da Sinovac. O mundo vai aprovar. Porque ela é segura, tem eficácia, tem efetividade e vai ser importante na redução da transmissibilidade [do novo coronavírus]."
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência

A expectativa de aprovação da CoronaVac pela Anvisa ganhou novos elementos ontem, quando o Butantan revelou os detalhes dos dados de eficácia geral do imunizante obtidos em estudos clínicos realizados no Brasil. Com eficácia global de 50,4%, a CoronaVac fica distante das taxas anunciadas por outros imunizantes contra a covid-19.

As autoridades da Saúde paulistas e especialistas em epidemiologia têm defendido que, apesar de o índice de eficácia ser inferior ao da vacina da Pfizer, por exemplo, que teve 95%, a CoronaVac será eficiente para reduzir a transmissão do vírus e, principalmente, evitar que pessoas vacinadas precisem de atendimento médico quando contaminadas.

"Vacina com eficácia de 50% poderia ter transmissibilidade mais baixa. Pessoas com maior capacidade de transmissão são pessoas com casos graves. Quando impedirmos essas pessoas de chegarem na forma mais grave da doença com a vacina, vamos impedir a transmissibilidade desses casos", disse Gabbardo, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.

'Vacina na prateleira'

O governador João Doria (PSDB) tem um plano estadual de vacinação marcado para começar em 25 de janeiro, mas ainda alimenta a expectativa de iniciar a imunização antes, se tiver o aval da Anvisa. O tucano entretanto, não estabeleceu uma nova data para o início da campanha, caso a aprovação venha no domingo.

"A vacina do Butantan atende plenamente [aos requisitos da Anvisa]. E atendendo plenamente, ela deve ser colocada imediatamente após a aprovação da Anvisa para a vacinação dos brasileiros", afirmou Doria, que teve uma vitória política com a incorporação da CoronaVac no PNI (Plano Nacional de Imunização), do Ministério da Saúde.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já criticou a CoronaVac, chamando-a de "vacina da China", e hoje, mais cedo, ironizou a taxa de eficácia geral. "Essa de 50% é uma boa?", perguntou a um seguidor.

Diretor do Butantan, Dimas Covas também falou sobre a expectativa de aprovação da CoronaVac pela Anvisa. O responsável pela instituição que fabrica o imunizante no Brasil reclamou de ver a vacina "na prateleira" —em referência às 10,8 milhões doses que o Butantan afirma ter à disposição para iniciar a aplicação.

"A vacina da Sinovac é uma das melhores vacinas disponíveis do mundo. Não é do Brasil. No Brasil é única. Não tem motivo para não aprovar. A vacina está na prateleira e dói a mim ver na prateleira. Temos que colocar nos postos e iniciar de fato a vacinação", disse Covas.

Além da vacina do Butantan e da Sinovac, o governo federal conta até o momento apenas com o imunizante produzido pelo laboratório AstraZeneca, conhecido como vacina de Oxford porque foi desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), instituição federal que vai produzir a vacina no Brasil, fez um pedido de uso emergencial à Anvisa de 2 milhões de doses que virão prontas da Índia.