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Temer diz que conversa com China para facilitar insumos foi a pedido de SP

O ex-presidente Michel Temer disse ter entrado na negociação para liberação da China dos insumos para produção de vacinas a pedido do Governo de São Paulo  - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Michel Temer disse ter entrado na negociação para liberação da China dos insumos para produção de vacinas a pedido do Governo de São Paulo Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

21/01/2021 17h39

O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) afirmou hoje que entrou em contato com a China para negociar a vinda dos insumos para a produção da CoronaVac a pedido do Governo do Estado de São Paulo.

O primeiro contato teria sido feito pelo presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, para o chefe do escritório do governo paulista em Brasília, Antonio Imbassahy, que conversou com Temer.

"A provocação foi aqui do Governo de São Paulo. O Dimas Covas falou com o Imbassahy, sabedores da boa relação que eu mantive com a China, se eu não poderia incorporar para ajudar na vinda desses insumos. Foi dessa maneira que eu fui provocado, vamos dizer que foi uma provocação saudável em favor de todos os brasileiros sem exceção", explicou Temer em entrevista ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes.

Temer diz ter entrado em contato com um ex-embaixador chinês no Brasil para que fosse feito contato com o presidente Xi Jinping para que houvesse a liberação do produto.

"Liguei pra ele em Pequim antes de ontem e disse: 'olha o Brasil precisa muito desses insumos e o senhor sabe da boa relação que eu sempre com o presidente Xi Jinping e ele comigo, que o senhor fizesse chegar a ele, digamos esse meu pedido pessoal, dizendo que os brasileiros em todo o Brasil estão esperando a vacina ansiosamente e depende dos insumos.'"

O Butantan espera que o novo lote da matéria-prima chegue até o final de janeiro. "Nossa previsão de chegada, como mencionei, é de que 5,4 mil litros [de insumos] cheguem até o fim desse mês. E mais 5,6 mil litros até o dia 10 de fevereiro. Essa matéria-prima está pronta e aguardando trâmite burocrático", ratificou Dimas Covas durante entrevista coletiva.

Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual aliado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se reuniu de forma virtual com embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.

Após a reunião, Maia afirmou que não há entraves políticos para a chegada dos insumos da China, e que Wanming está trabalhando para acelerar o processo.

Doria, durante entrevista coletiva ontem, chegou a estipular uma previsão de 48 horas para o envio.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo informações da Folha de S.Paulo, pediu ontem uma chamada telefônica com o presidente chinês para fazer uma espécie de apelação pelos insumos.

Entrave sobre insumos

Desde que teve o primeiro pedido de uso emergencial para a CoronaVac aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no último domingo (17), o Instituto Butantan e o governo paulista se preocupam com a continuidade da produção da vacina na fábrica do Butantan, em São Paulo. Como a CoronaVac é o único imunizante aprovado até agora com doses disponíveis para serem aplicadas no país, a questão se tornou urgente.

Para evitar que a campanha nacional de imunização pare por falta de vacinas, o Butantan precisa da chegada de insumos vindos da China. A expectativa é produzir mais 10 milhões de doses até o fim de janeiro. Até agora, o laboratório paulista já forneceu 6 milhões de doses ao PNI (Programa Nacional de Imunização) e tem mais 4,8 milhões prontas para serem distribuídas.

As doses que estão prontas no Butantan, porém, aguardam a aprovação de mais um pedido de uso emergencial feito à Anvisa, que prometeu uma resposta até sexta-feira (22). O novo aval é necessário porque essas doses foram envasadas no país, enquanto os primeiros 6 milhões vieram prontos da China, produzidas pelo laboratório Sinovac.

A informação do governo paulista é de que o Sinovac tem os insumos prontos para a entrega, mas aguarda a conclusão de questões burocráticas para a liberação da carga. Por conta disso, Dimas Covas chegou a cobrar ontem "dignidade" do presidente Bolsonaro para ajudar a destravar a importação.

Isso porque Bolsonaro tem feito desde o ano passado afirmações negativas em relação à CoronaVac, e propagando desconfiança sobre a China. Além do presidente, um dos seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), chegou a criar um desgaste diplomático ao acusar a China de suposta espionagem por meio da sua rede de tecnologia 5G.