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Butantan prevê chegada de insumos da China para CoronaVac em 3 de fevereiro

Fábio de Mello Castanho, Lucas Borges Teixeira e Allan Brito

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

26/01/2021 11h30

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, estimou para o dia 3 de fevereiro a chegada dos 5.400 litros de insumos importados da China para a produção no Brasil da CoronaVac, imunizante contra a covid-19 desenvolvido em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Segundo o instituto, a matéria-prima deverá ser utilizada para a fabricação de cerca de 8,6 milhões de doses.

As primeiras doses produzidas com esse material devem ficar prontas em cerca de 20 dias, se levar em consideração todo o processo de certificação de segurança —o que levaria à distribuição no fim de fevereiro.

A previsão foi comunicada após reunião do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já havia adiantado que a liberação ocorreria nos próximos dias.

Tivemos sinalização de que liberação do lote será feita de forma rápida, começando por esses 5.400 litros que foram anunciados ontem e chegarão com previsão na próxima semana, dia 3 de fevereiro. Na sequência outro volume de 5.600 litros que também foi mencionado pelo embaixador e está em processo adiantado de liberação."
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

A produção de vacinas contra covid-19 no Butantan está parada desde 17 de janeiro, por causa da falta de insumos. O instituto ainda não confirmou a data exata da retomada da atividade. Há risco de faltarem doses para o PNI (Plano Nacional de Imunização).

"Chegando a matéria-prima de 5.400 litros no próximo dia 3, iniciaremos a produção. [As doses] serão liberadas 20 dias depois, cumprindo assim o ciclo de qualidade", disse. O número exato de doses que serão fabricadas a partir dos 5.400 litros depende do processo de produção.

Distribuição de 10 milhões de doses

Após fornecer 6 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde para dar início à vacinação contra a covid-19, o instituto começou na última sexta-feira (22) a distribuição de mais 4,1 milhões de doses que receberam o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a aplicação.

Mas a instituição ligada ao governo paulista aguarda há semanas a chegada de mais matéria-prima para produzir, envasar e rotular outros 11 milhões de doses.

Guerra de versões

O anúncio da provável chegada dos insumos da China ocorre um dia depois de uma nova guerra de versões entre Doria e Bolsonaro em relação à liberação da matéria-prima para a CoronaVac. Ontem, o presidente publicou um post adiantando a resolução com os chineses, parabenizando ministros do seu governo.

Doria, por sua vez, rebateu Bolsonaro, dizendo nas redes sociais que toda a negociação foi feita pelo governo paulista e pelo Instituto Butantan.

O anúncio do presidente antecipou uma resolução do impasse que o próprio Doria tinha prometido para hoje. Num ato pró-vacinação realizado ontem com os ex-presidentes da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Michel Temer (MDB) e José Sarney (MDB), o governador paulista avisou sobre a reunião realizada hoje pela manhã com Yang Wanming.

O embaixador, entretanto, já havia compartilhado ontem a publicação de Bolsonaro, dando a entender que a questão já estava resolvida. Mesmo assim, Doria manteve a reunião.

Outro que diz ter participado diretamente da negociação é o ex-presidente Michel Temer. No evento com Doria, ele afirmou que tinha acabado de conversar com Wanming e foi otimista quanto à liberação dos insumos. Depois, em entrevista ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, Temer voltou a dizer que deu "uma mãozinha" para a concretização da importação.