Eduardo Leite oficializa interesse do RS em adquirir doses da Sputnik V
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), oficializou hoje o interesse em adquirir doses da Sputnik V, a vacina contra a covid-19 russa. Leite fez o anúncio pelo Twitter após participar de uma reunião em São Paulo com Fernando de Castro Marques, presidente de União Química, que produzirá o imunizante no Brasil.
No momento da assinatura do contrato, o governador gaúcho disse que buscou o acordo porque se preocupa com o ritmo do plano nacional de vacinação contra a covid-19, que até agora só tem a CoronaVac e a vacina da AstraZeneca/Oxford incluídas na campanha.
"Temos preocupações no ritmo, no fluxo que se dará a liberação para os estados", afirmou Leite.
"E tendo no território nacional uma empresa com a respeitabilidade que tem a União Química, com toda a estrutura e a condição de produzir rapidamente um volume de doses como o que nós falamos aqui, de ter ainda o acesso a essas enviadas pela Rússia, nós temos interesse em acessar essas vacinas e fazer, se for o caso, a aquisição diretamente", completou o governador.
Na publicação, porém, Leite reforçou que a intenção de compra vale caso a vacina receba o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e não seja incluída no PNI (Programa Nacional de Imunização). A incorporação pelo Ministério da Saúde realmente não deve acontecer, já que o governo federal não demonstrou até agora interesse na vacina.
Além da Sputnik V, Leite afirmou ontem que também busca na capital paulista um acordo para adquirir doses da vacina da Pfizer/BioNTech, responsável por iniciar a imunização contra a covid-19 no ano passado na Europa e nos Estados Unidos.
Pedido na Anvisa negado
Desenvolvida pelo Instituto Gamaleya e comercializada pelo RDIF (sigla em inglês para Fundo de Investimentos Diretos da Rússia), a Sputnik V tem um acordo para ser produzida no Brasil pela União Química desde outubro do ano passado. No entanto, o laboratório brasileiro só fez um pedido de uso emergencial para o imunizante na Anvisa no último dia 15.
Alegando documentos insuficientes para analisar o pedido, a Anvisa negou a solicitação no dia seguinte, mas desde então tem realizado reuniões com representantes da União Química para tratar da possível liberação da vacina.
O imunizante já está sendo usado de forma emergencial em países como Rússia, Emirados Árabes, Venezuela, Bolívia, Argélia, Hungria, e nos vizinhos brasileiros Argentina e Paraguai.
Com a mesma intenção de Leite de adquirir doses da Sputnik, a gestão do governador da Bahia, Rui Costa (PT), move uma ação no STF (Superior Tribunal Federal) pela liberação da vacina na Anvisa. Ontem, 21 defensorias públicas estaduais e do Distrito Federal entraram com um pedido para ingressarem como parte nesta ação, dando mais força ao pleito.
Hoje o ministro do STF Ricardo Lewandowski determinou um prazo de até cinco dias para que a União Química detalhe as informações enviadas à Anvisa quando do pedido de uso emergencial. Lewandowski também pediu esclarecimentos sobre a capacidade de produção e/ou importação da Sputnik V, com o objetivo de ajudar na possibilidade de incorporação da vacina no PNI.
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