Estudo descobre mutação em variante do AM em amostra de paciente com covid
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia e a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) enviaram ao Ministério da Saúde no último dia 2 uma nota técnica informando que análises genômicas do SARS-CoV-2 apontaram para uma possível linhagem derivada da variante P.1, com origem no Amazonas, denominada P.1-like.
Na nota, os pesquisadores informam que a amostra —única até aqui— foi coletada de um paciente em Manaus no dia 23 de dezembro de 2020. "A sequência P.1-like acumulou um número atipicamente alto de alterações genéticas", afirma a nota.
"A detecção das sequências P.1-like e B.1.1.33-E484K em Manaus sugere que a diversidade de variantes de SARS-CoV-2 com mutações preocupantes na proteína Spike que circulam nesta cidade brasileira poderia ser maior do que inicialmente descrito", avaliam.
Segundo o sequenciamento completo feito, a P.1-like abriga mutações definidoras de linhagem na proteína Spike, que é diretamente relacionada à capacidade de transmissibilidade do novo coronavírus.
Ao todo, diz a nota, foram sequenciados 114 genomas de SARS-CoV-2, de amostras coletadas nos municípios do Amazonas entre 1º de novembro de 2020 e 13 de janeiro de 2021. Dessas, apenas uma apresentou a P.1-like.
Segundo o pesquisador Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia, por estar em apenas uma, não é possível dizer se isso aponta para o surgimento de uma nova linhagem do vírus derivada da variante com origem no Amazonas.
"Um único caso não dá para chamar de nova linhagem, mas a sequência mostra um agrupamento próximo à variante P.1, mas com divergências acima da média que poderíamos esperar. Não temos certeza, mas pode ser apenas um intermediário evolutivo", afirma.
Variante do Amazonas
A nova variante do coronavírus foi informada pela primeira vez por autoridades japonesas no dia 10 de janeiro. Um dia depois, pesquisadores brasileiros confirmaram que a variante teve origem no Amazonas.
Segundo amostras que passaram por sequenciamento genômico, a nova variante foi responsável por 91% dos casos no Amazonas em janeiro.
Por conta da provável maior capacidade de transmissão, ela deve ser uma das responsáveis pelo colapso na saúde pública e explosão de casos e mortes no estado do Amazonas.
Cientistas estão pesquisando agora para saber se a nova variante é capaz de furar a imunidade adquirida por pessoas que tiveram covid-19 por outras cepas e estão com anticorpos.
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