Insumos da vacina de Oxford chegam ao Brasil para produção na Fiocruz
O primeiro lote com insumos para a produção da vacina Oxford/AstraZeneca na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) chegou ao Rio de Janeiro às 18h18 de hoje vindo da China.
Ao todo, são 90 litros de matéria-prima que, segundo o Ministério da Saúde, deverão produzir 2,8 milhões de doses. A vacina é a única aprovada no Brasil além da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan junto à chinesa Sinovac.
Por volta das 20h, o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativos) foi recebido pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, no Centro Tecnológico de Vacinas de Bio-Manguinhos, na Fiocruz.
O insumo foi fabricado no laboratório Wuxi Biologics, em Xangai, na China, que já teve aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no ano passado. O avião deixou o país às 20h35 da última quinta (4), no horário de Brasília, e agora seguirá para a Fiocruz, na zona norte do Rio de Janeiro.
O acordo da Fiocruz com a AstraZeneca também garante a transferência total da tecnologia para Bio-Manguinhos. Assim, a Fiocruz poderá produzir a vacina no Brasil, sem a necessidade de importação da IFA.
A previsão é de que a vacina nacional comece a ser entregue ao Ministério da Saúde a partir de agosto deste ano. Até agora, 2 milhões de doses do imunizante AstraZeneca/Oxford já foram distribuídos no Brasil. Essas doses, no entanto, chegaram prontas, vindas da Índia.
Até ser diluído em outros componentes da vacina, o insumo, chamado IFA (ingrediente farmacêutico ativo) precisa ficar armazenado em câmara fria a -55 grau Celsius —um dos maiores desafios de logística na chegada ao Aeroporto Internacional Tom Jobim.
Segundo o ministério, a Fiocruz receberá mais dois carregamentos com insumos ainda neste mês. Com isso, a fabricante deverá entregar mais 15 milhões de doses da vacina em março; 100,4 milhões de doses entregues até julho de 2021 e 210,4 milhões ao final do ano.
Segundo a Fiocruz, a escolha por diferentes carregamentos do IFA será feito para otimizar o início da produção industrial, garantindo a fabricação dos lotes necessários à validação do processo produtivo. As chegadas dos próximos lotes estão previstas para os dias 23 e 28 de fevereiro.
Atrasos no cronograma
Inicialmente, a expectativa da Fiocruz era receber o primeiro lote do IFA em 23 de janeiro, mas, sem a expedição de licenças de exportação pelo governo chinês, a fundação foi obrigada a adiar de fevereiro para março a previsão de entrega das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca a serem produzidas no Brasil.
Em dezembro, a promessa era entregar o primeiro lote de vacinas produzidas no Brasil na semana do dia 8 de fevereiro. Seriam 1 milhão de doses distribuídas entre os dias 8 e 12 de fevereiro e, a partir de 22 de fevereiro, a fundação entregaria 700 mil doses diariamente.
Pela estimativa anterior, portanto, o Brasil teria ao menos 5,9 milhões de doses garantidas para março. A fundação prometia ainda entregar 100,4 milhões de doses até o fim do primeiro semestre, em junho.
Entenda como fica o cronograma de entregas
Com a chegada do IFA, a previsão da Fiocruz é entregar, em março, 15 milhões de doses da vacina ao PNI do Ministério da Saúde. A primeira entrega, com 1 milhão de doses, deverá ocorrer na semana de 15 a 19 de março.
De acordo com a fundação, mesmo que ocorram ajustes no início do cronograma, a produção será redefinida ao longo dos primeiros meses para que seja mantida a meta de 100,4 milhões de doses até julho deste ano.
O cronograma prevê que o envase em fevereiro e no início de março contará com uma linha em operação, com capacidade para 700 mil doses por dia. No final de março entrará em operação a segunda linha, que vai possibilitar o envase de até 1,3 milhão de doses diárias.
Pelos cálculos da Fiocruz, com essa produção, as entregas em abril vão atingir, aproximadamente, 27 milhões de doses.
Além da produção a partir do IFA, a Fiocruz mantém a estratégia paralela para importação de mais vacinas prontas, principalmente durante os primeiros meses de fabricação. Até junho, a Fiocruz vai receber 14 lotes de insumo para a produção de 100,4 milhões de doses. Já com a liberação de exportação pelas autoridades chinesas dessa primeira remessa de IFA, os próximos embarques têm os trâmites alfandegários garantidos.
*Com Agência Brasil
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