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Estudo com vacinação em massa testará imunidade de rebanho, diz Butantan

Lucas Borges Teixeira, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

08/02/2021 13h23

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, deu mais detalhes sobre o estudo com vacinação em massa contra a covid-19 anunciado ontem pela Prefeitura de Serrana, cidade do interior paulista que pertence à região metropolitana de Ribeirão Preto. Covas afirmou que a imunização em grande quantidade permitirá avaliar a eficiência da CoronaVac, que é diferente da eficácia, avaliada por estudos clínicos antes de se iniciar a vacinação.

Entre os efeitos que poderão ser analisados com o estudo, está a imunidade de rebanho. Com os anticorpos adquiridos pela vacina contra a covid-19, que tendem a ser mais duradouros do que aqueles desenvolvidos pela contaminação, a imunidade de rebanho pode voltar a ser um dos principais meios de controlar a pandemia —mas, dessa vez, de forma eficaz e acompanhada cientificamente, não como foi sugerido por parlamentares no início da pandemia.

"Nenhum estudo [de testes clínicos pré-vacinação] foi desenhado para observar a eficiência da vacinação. Eficiência é determinar qual o efeito da vacinação em massa sobre a evolução da epidemia. Normalmente esses dados aparecem após os programas de vacinação", explicou Covas, sobre a necessidade de realizar o estudo agora que a vacina já está em circulação.

O estudo promete vacinar 30 mil pessoas em Serrana, que tem 45.644 habitantes segundo dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os lotes da CoronaVac que serão usados na imunização em massa serão separados exclusivamente para o estudo, não retirando assim doses de outras cidades paulistas.

Serão vacinadas pessoas maiores de 18 anos e o estudo será conduzido pelo Butantan, com início previso para o dia 17.

"É um estudo inovador. O nome oficial é estudo escalonado por conglomerados. No fundo, ele pretende avaliar a transmissão da infecção, a redução do uso do sistema de saúde, a carga de doença, a imunidade de rebanho e outro efeitos indiretos da vacinação, na economia, circulação de pessoas, aceitação de vacinação, na ocorrência de efeitos não vistos anteriormente. Vai permitir acompanhar aspectos em nível populacional", completou o diretor do Butantan.

A cidade do interior paulista foi escolhida porque apresenta um alto índice de prevalência do coronavírus, o que significa que há pouco controle da pandemia. Um dos motivos para isso é a grande movimentação de pessoas em Serrana, que também será um indicativo de como a vacinação em massa vai se comportar em municípios com poucas ou nenhuma medida restritiva de circulação da população e funcionamento do comércio.

Butantan faz estudos sobre variante do Amazonas

O diretor do Butantan também explicou que o instituto está realizando para saber a eficácia da CoronaVac contra as variantes da covid-19 descobertas no Amazonas. "Estamos testando com variante amazônica, com amostras de pessoas vacinadas aqui no Brasil. Brevemente teremos resultados e acreditamos que, pela forma como a vacina é produzida, a possibilidade de não ter resposta (contra o virus) é bem menor", disse.

Dimas Covas informou também que a forma como a CoronaVac é produzida (com vírus inativado) já mostrou ser eficiente contra outras variantes, mas não apresentou números. "Já tem testes com variantes inglesa e da África do Sul que mostraram bom desempenho", disse, sem citar as fontes dos estudos que fariam essa comprovação.