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TV: Pacientes com covid são amarrados em macas por falta de sedativo no AM

Inconscientes, pacientes passaram o fim de semana com gazes amarradas nos punhos e presas às camas - Reprodução/TV Globo
Inconscientes, pacientes passaram o fim de semana com gazes amarradas nos punhos e presas às camas Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

22/02/2021 21h29Atualizada em 22/02/2021 21h36

Com sedativos em falta, pacientes graves de covid-19 estão sendo amarrados nas próprias macas no Hospital Regional Dr. Jofre Matos Cohen, em Parintins, no interior do Amazonas. A Secretaria de Saúde do estado nega ter recebido denúncias sobre a situação, mas o caso, divulgado hoje no "Jornal Nacional", da TV Globo, deve ser investigado pela Defensoria Pública.

Os pacientes — intubados e inconscientes — passaram o último fim de semana com gazes amarradas nos punhos e presas às camas, segundo a reportagem. Entrevistada pelo JN, a presidente da Associação Brasileira de Medicina Intensiva (AMIB), Suzana Lobo, explicou que o procedimento não é errado, acrescentando que intubar uma pessoa sem o uso de sedação é "desumano".

"[Sem sedativos] A primeira coisa que pode acontecer é uma autoextubação, ele [paciente] tira o tubo. Isso pode levar a uma parada cardíaca", disse Suzana. "É desumano a gente imaginar uma pessoa que vai ser mantida numa ventilação mecânica sem estar sob analgesia e uma boa sedação. Ela vai sentir desconforto, ela vai sentir ansiedade, ela vai sentir medo... E tudo isso vai levar a consequências muito graves."

Apesar de as imagens mostrarem vários pacientes amarrados, a prefeitura de Parintins disse à reportagem que foi um caso isolado que se deu por conta de um "surto psicótico" em um doente. A contenção foi feita, portanto, "para deixar o paciente em segurança", ainda de acordo com a administração municipal.

A Secretaria de Saúde de Parintins, por sua vez, negou que medicamentos para sedação de pacientes estejam em falta, apesar da alta demanda. Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES-AM) confirmou ter recebido no sábado (20) um pedido por sedativos de Parintins, que, segundo órgão, foi cumprido no mesmo dia.

Ao "JN", a Defensoria Pública confirmou que vai notificar a prefeitura de Parintins e a direção do Hospital Jofre Cohen "para pedir esclarecimentos". "A depender dessa resposta, a gente vai, sim, analisar e considerar a propositura de ação judicial", informou o defensor público Rafael Barbosa.

Parintins é hoje o terceiro município amazonense mais atingido pela covid-19, com 8.269 casos confirmados desde o início da pandemia, segundo últimos dados divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde do estado (FVS-AM). Apenas a capital Manaus (142.386) e Coari (8.955) estão à frente.

Em número de mortes, Parintins também é o terceiro (260), atrás de Manaus (7.452) e Manacapuru (269).