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RS registra recorde de mortes em 24 horas e tem 99,8% de ocupação nas UTIs

No SUS, a ocupação de leitos de UTI está em 89,3%, segundo balanço do governo; na rede privada, em 131,7% - Eduardo Valente/Ishoot/Estadão Conteúdo
No SUS, a ocupação de leitos de UTI está em 89,3%, segundo balanço do governo; na rede privada, em 131,7% Imagem: Eduardo Valente/Ishoot/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

02/03/2021 18h18Atualizada em 02/03/2021 19h28

À beira de um colapso no sistema de saúde, o Rio Grande do Sul registrou hoje o maior balanço diário de mortes causadas pela covid-19, com 185 óbitos confirmados nas últimas 24 horas, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. O recorde anterior era de 144 mortes, alcançado em 29 de dezembro de 2020.

Já o número de infectados desde o início da pandemia chegou a 649.678, com 6.215 novos diagnósticos confirmados de ontem para hoje.

Desde o último sábado (27), o estado inteiro está em bandeira preta no plano de distanciamento controlado. A classificação prevê fechamento do comércio não essencial, proibição de permanência nas orlas das praias, suspensão das aulas presenciais e outras medidas restritivas.

Quase 100% de ocupação das UTIs

O Rio Grande do Sul está muito perto de não ter mais leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tratar novos pacientes — sejam de covid-19, sejam de quaisquer outras doenças. A taxa de ocupação geral está em 99,8%, de acordo com o sistema de monitoramento do governo estadual, com 2.821 dos 2.827 leitos disponíveis já sendo utilizados.

A situação é a ainda pior na rede particular. Enquanto a ocupação de leitos do SUS (Sistema Único de Saúde) está em 89,3%, os hospitais privados não têm mais leitos livres, segundo balanço atualizado por volta das 17h. São 919 pacientes internados em um sistema com — teoricamente — 698 leitos disponíveis.

Do total de internados nas redes pública e privada, a maior parte (1.774, ou 62,9%) corresponde a pacientes de covid-19. Outros 205 (7,3%) são casos suspeitos, e 842 (29,8%) são os chamados "não covid-19".

Na semana passada, o Hospital Moinhos de Vento, o maior da rede privada de Porto Alegre, anunciou que vai instalar um contêiner para aumentar a capacidade do necrotério, que atualmente comporta até três corpos. Em nota, a instituição disse que o anexo só será usado em caso de necessidade, "considerando a possibilidade de atrasos na retirada dos óbitos por parte das funerárias".

"A nossa lista da morgue ultrapassou ontem [1º] a capacidade de acomodar as pessoas que faleceram dentro do hospital. Estamos contratando um contêiner para poder colocar as vítimas. A rede pública também vive o mesmo drama da superlotação, da lotação das UTIs [Unidades de Terapia Intensiva]", disse hoje o superintendente médico do hospital, Luiz Antônio Nasi, em entrevista à GloboNews.

Para Nasi, a capital gaúcha está vivendo o "apogeu da gravidade" da pandemia. No último ano, o hospital já atendeu mais de 7 mil infectados pelo coronavírus, mas o cenário atual é diferente: além de mais jovens, os pacientes também estão "muito mais graves". "Se vocês entrassem e vissem, é um campo de guerra", acrescentou.

(Com Estadão Conteúdo)