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SP: Com recorde de casos, prefeito bolsonarista não restringe circulação

Everton Sodário (PSL), prefeito de Mirandópolis (SP), diz que não impedirá as pessoas de terem o seu convívio social - Divulgação / Facebook
Everton Sodário (PSL), prefeito de Mirandópolis (SP), diz que não impedirá as pessoas de terem o seu convívio social Imagem: Divulgação / Facebook

Daniel César

Colaboração ao UOL, em Pereira Barreto (SP)

10/03/2021 23h45

O prefeito bolsonarista de Mirandópolis (SP), Everton Sodário (PSL), afirmou em vídeo divulgado ontem que não impedirá as pessoas de saírem de suas casas. O município do interior de SP vive seu pior início de mês desde o início da pandemia.

"Aqui em Mirandópolis nós nunca impedimos e não iremos impedir as pessoas de visitarem seus familiares, de saírem de casa, de terem o seu convívio social. Não podemos proibir as pessoas de sair para as ruas, isso é inaceitável, é intolerável. Mas ao mesmo tempo, quando sairmos para rua, temos que ter cuidados", afirmou Sodario, em live nas redes sociais.

Levantamento do UOL mostra que, nos primeiros nove dias de março, Mirandópolis registrou 66 casos confirmados do coronavírus, segundo o SUS Analítico. Este é o maior número para os nove primeiros dias de um mês desde o início da pandemia. No mês de fevereiro, no mesmo período, foram confirmados 27 casos, e em janeiro, 24. O mês que mais se aproximou de março foi julho de 2020, com 35 casos. Mirandópolis acumula 933 casos da covid-19, desde que começou a pandemia, e 15 mortes.

Sodário, conhecido como "Bolsonaro caipira" e adversário de Doria, falou também sobre a intenção de manter o comércio aberto — ele não informou se a sua gestão desrespeitará as medidas adotadas pelo governo estadual. "Não é o comércio que faz o vírus se propagar. Infelizmente temos decisões que vêm do governador [Doria] e muitos municípios estão sofrendo por manter o seu comércio fechado. Nós, em Mirandópolis, estamos defendendo a todo custo que o comércio não é o propagador do vírus."

Na semana passada, o governo de São Paulo ameaçou prefeitos que desrespeitarem a fase vermelha do Plano SP. Em nota, a gestão João Doria (PSDB) afirmou que municípios que não seguirem a determinação serão notificados pelo Estado e o caso será encaminhado ao Ministério Público para a tomada de providências.

Entidades científicas defendem restrições para enfrentar a segunda onda do novo coronavírus. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quer "medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais". A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Associação Médica Brasileira (AMB) querem "lockdown em algumas situações críticas e em alguns locais" porque tem "efetividade".

Apesar de questionar as medidas, o prefeito fez um apelo aos moradores de Mirandópolis. "Não queremos que ninguém seja impedido de trabalhar, mas precisamos que nossa população compreenda que o momento é delicado, que as pessoas precisam manter o distanciamento, que aglomerações e grandes eventos não são bem-vindos neste momento", discursou, sem citar a obrigatoriedade do uso de máscara. Ele também disseminou o uso de medicamentos comprovadamente sem eficácia para o combate do coronavírus.

Lins aumenta restrições

Enquanto o prefeito de Mirandópolis insiste em desrespeitar as normas do Plano SP, a cidade de Lins (SP) vai na contramão. O prefeito João Padolfi (PP) publicou hoje decreto em que torna as restrições ainda mais rígidas no município. A partir de amanhã (11), até serviços essenciais terão horários reduzidos para o funcionamento.

Os mercados somente poderão funcionar de segunda a sábado até as 20h, e aos domingos, até as 14h; lanchonetes e restaurantes estão proibidos de aceitar drive-thru após as 20h — dali em diante, apenas delivery está liberado.

Para evitar aglomerações, o prefeito também proibiu que serviços não essenciais funcionem em qualquer formato. Ao mesmo tempo, as atividades religiosas estão permitidas até as 20h.

O prefeito de Lins estendeu o decreto até o dia 26 de março, ou seja, uma semana além do que o decreto estadual prevê. Lins acumula 5.071 casos confirmados da doença e 104 mortes.