"Não daremos conta de abrir mais leitos", diz secretário da Saúde de SP
O secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, admitiu hoje que a gestão estadual não é capaz de abrir novos leitos no mesmo ritmo de avanço da pandemia de covid-19. Um dia após o estado atingir um novo recorde de mortes diárias, Gorinchteyn lembrou que 32 cidades já tiveram um colapso no sistema de saúde e afirmou a velocidade de abertura de novos leitos não dará conta de evitar que pacientes fiquem sem assistência médica adequada.
"São Paulo criou o Plano São Paulo [que coordena a adoção de medidas restritivas], definiu o decreto de obrigatoriedade do uso de máscaras, trouxe vacinas, continuamos a ampliar leitos, distribuímos respiradores, estamos prestando assistência para todos os municípios. Mas não daremos conta de abrir mais leitos. Precisamos da ajuda de todos", afirmou o secretário paulista, fazendo um apelo à população para que fique em casa e faça o uso da máscara.
Além das 517 mortes registradas nas últimas 24 horas ontem, o estado chegou a um novo recorde de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e enfermaria para a covid-19 no estado. São Paulo tinha até ontem à noite 82% de ocupação dos leitos de terapia intensiva, e 82,8% na Grande São Paulo.
Já são mais de 20,3 mil pessoas internadas no estado em tratamento de covid. Destas, 8.972 estão em leitos de UTI e 11.342 de enfermaria. Há pouco mais de duas semanas, em 22 de fevereiro, esse número era de 13,6 mil pacientes internados.
Mais leitos
Diante do quadro, o governo paulista anunciou:
- há uma semana a abertura de 500 novos leitos, sendo 339 de UTI.
- anteontem (8), mais 280 leitos de emergência espalhados em 11 unidades de saúde, que são tratadas como os novos hospitais de campanha.
- hoje, Gorinchteyn prometeu mais 338 vagas.
Além dos leitos anunciados, estamos ampliando. Hoje fazemos o anúncio de 338 novos leitos, sendo destes 167 leitos de UTI e 171 leitos de enfermaria em todo estado. Teremos a projeção de 9.200 leitos de UTI SUS [Sistema Único de Saúde] em São Paulo. Antes da pandemia o estado de São Paulo tinha 3.500 leitos SUS.
Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde
"Estamos ampliando o mais breve que conseguimos. Ainda precisamos de muito apoio", acrescentou o secretário, que enfatizou o aumento em 5% das novas internações em relação à semana anterior, que já teve alta de 19% em comparação com a última semana de fevereiro. Como a semana epidemiológica considerada pela Secretaria de Saúde só termina no próximo sábado (13), o aumento pode ser ainda maior do que o visto no último período.
Eloisa Bonfá, diretora clínica do HC (Hospital das Clínicas) da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que sua unidade de saúde está no "limite" e não tem "condições de acolher todos ao mesmo tempo". A profissional pediu para que a população respeite o distanciamento social e evite mais colapsos de hospitais no estado.
Quem nos guia é a certeza que respeitar o distanciamento nos permite ultrapassar a tempestade vivos e conseguir a vacinação em massa. Eu peço, como diretora do HC, não nos deixem colapsar. Nos ajudem a ajudá-los.
Eloisa Bondá, diretora clínica do HC
O estado já soma 19 unidades de saúde em colapso, com 100% dos leitos de UTI para a covid ocupados. Até ontem, outros seis hospitais também registravam ocupação acima de 95%.
Além dos depoimentos do secretário e de Bondá, a gestão paulista voltou a cobrar o governo federal pelo custeio de parte dos leitos para pacientes com covid. Desde o início de fevereiro, Doria acusa o Ministério da Saúde de ter deixado de financiar 3.258 vagas de UTI.
O governador já teve uma vitória no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a questão, com decisão que obriga o governo federal a pagar pelos leitos, mas segue afirmando que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não vêm cumprindo a determinação do STF. Doria disse que a Saúde tem hoje habilitados 13% dos leitos que deveriam ser custeados pelo governo federal.
Fase vermelha continua
Para tentar frear o avanço na pandemia, na semana passada o governo decidiu colocar todo o estado na fase vermelha do Plano São Paulo. Nesta etapa, apenas os serviços essenciais podem funcionar —como mercados e farmácias. Com o recorde de mortes, ontem, começou a circular a informação que a equipe de Doria anunciaria uma fase roxa, mais restritiva.
Mas nada foi anunciado hoje. Em vez disso, o governador preferiu falar sobre a abertura de leitos e o calendário de vacinação contra covid. O tucano afirmou que, a partir do dia 22, idosos com idade entre 72 e 74 anos de idade poderão ser imunizados.
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