Teich: Prioridade de Queiroga deve ser preparar o sistema para o que virá
Ex-ministro da Saúde — o segundo do governo Bolsonaro —, Nelson Teich elogiou hoje a escolha do médico cardiologista Marcelo Queiroga para o cargo, que lhe exigirá "capacidade de gestão". Para Teich, a prioridade número um do novo ministro deverá ser preparar o sistema de saúde para as próximas semanas, já que a explosão do número de pessoas buscando por atendimento é inevitável.
"Ele tem um desafio enorme. As próximas duas, três semanas... O que vai acontecer, não tem como a gente mudar. O que a gente vai ter que fazer é preparar o sistema para cuidar das pessoas. Isso é uma coisa que ele vai ter que fazer urgentemente, que é preparar o país para isso", disse o ex-ministro em entrevista à GloboNews.
A segunda prioridade, segundo Teich, será trabalhar o distanciamento social, mas de forma local, sempre respeitando a heterogeneidade do Brasil. Esta etapa é fundamental para conter a transmissão do coronavírus e, consequentemente, para o sucesso da próxima prioridade — a vacinação —, que ainda está em ritmo muito lento.
"A terceira fase [do trabalho de Queiroga] é a da vacinação. Nela, você tenta manter as pessoas com algum distanciamento, que é a forma que você tem de atuar contra a transmissão, enquanto você trabalha um programa de vacinação. O que está acontecendo hoje: com a lentidão da vacinação, talvez leve alguns meses [para sair do período de distanciamento]", analisou.
O fato de a gente ter uma pessoa ligada à saúde, para mim, é um ganho. (...) Conheço Marcelo, é uma pessoa super gentil, dedicada... O que a gente vai testar dele agora é a capacidade de gestão. Em relação à covid, isso é muito interessante, porque não dá para você criar muita expectativa. Você tem que acompanhar e tomar decisão todo dia com aquilo que você aprende até ontem. Nelson Teich, sobre a escolha de Marcelo Queiroga
O nome de Queiroga foi confirmado ontem pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O novo ministro substituirá o general Eduardo Pazuello, que estava há dez meses no cargo e vinha sendo criticado por sua atuação na pandemia, tendo se tornado alvo de um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) por suposta omissão na crise sanitária no Amazonas.
Segundo Bolsonaro, que elogiou Pazuello, Queiroga dará continuidade ao trabalho que já vinha sendo feito no Ministério da Saúde.
"[O novo ministro] Tem tudo, ao meu entender, para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento a tudo que o Pazuello fez até hoje no tocante às vacinas", disse o presidente a apoiadores. "Paralelamente a tudo isso, Queiroga, também gestor, mas muito mais entendido na questão de saúde, vai fazer outros programas para diminuir o número de pessoas que vem a entrar em óbito por ocasião dessa doença que se abateu no mundo todo".
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