Jornal diz que situação da pandemia no Brasil é uma ameaça para o mundo
O jornal norte-americano The Washington Post publicou hoje uma análise sobre a situação da pandemia do novo coronavírus no Brasil, descrita como uma ameaça para o mundo, destacando o recorde de mortes registrado ontem, próximo ao patamar de 3 mil, e o papel do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao lidar com a crise.
No texto, o colunista Ishaan Tharoor destaca que o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos em mortes e casos de covid-19. "Mas o último está começando a lutar para sair da pandemia; no Brasil, o surto está pior do que nunca", escreve. Na semana passada, os Estados Unidos superaram a marca de 100 milhões de doses de vacinas aplicadas.
O colunista chama atenção ainda para os alertas feitos por especialistas sobre o sistema hospitalar brasileiro estar à beira de um colapso, com altas taxas de ocupação de leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) em diversos estados.
Ele lembra que parte do problema se deve ao surgimento de uma variante no país e chama atenção para o fato de o descontrole poder dar origem a variantes ainda mais perigosas, algo que já foi alertado por cientistas.
"Uma colcha de retalhos de toques de recolher e bloqueios inconsistentes em estados e cidades não conseguiu evitar a crise que muitos médicos brasileiros temiam que viria. Médicos e funcionários da saúde agora estão lutando contra a maré crescente", diz um trecho.
Papel de Bolsonaro e troca de chefia na Saúde
Em seu texto, o colunista diz ser "impossível ignorar o papel desempenhado pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro" na crise, relembrando que ele chamou a covid-19 de "gripezinha" e, mesmo após ter contraído a doença, "continuou a apregoar soluções não comprovadas e se enfureceu contra medidas de distanciamento social".
Ele cita a troca de chefia do Ministério da Saúde, ressaltando que Marcelo Queiroga se tornou o quarto ministro da pasta desde o início da pandemia e que há um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar suposta omissão de Eduardo Pazuello, "um general da ativa sem formação médica", na gestão da pandemia em relação ao colapso da saúde pública em Manaus.
O texto relembra ainda que o governo do agora ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump pressionou o Brasil a não comprar doses da vacina russa Sputnik V. "Mas com a saída de Trump e o aumento das infecções, Bolsonaro está no meio de uma reviravolta humilhante. Seu governo anunciou na semana passada que havia pedido 10 milhões de doses da vacina russa. E teve que ir à China, de boné na mão, para solicitar dezenas de milhões de doses de uma vacina chinesa, além da matéria-prima para produzi-la em massa em solo brasileiro."
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