Não sabia da participação americana, diz Doria sobre ButanVac
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse hoje que não sabia da participação de uma universidade americana no desenvolvimento da vacina ButanVac, contra a covid-19.
Na última sexta-feira (26), ao anunciar o imunizante, Doria destacou que era uma vacina "100% brasileira" e não citou a Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos, que participou do desenvolvimento do imunizante. Com a descoberta o anúncio passou a ser criticado e mal avaliado até por apoiadores, que viram a inversão de uma notícia positiva para negativa.
Simplesmente porque eu não tinha a informação [da participação do Instituto Mount Sinai]. Mas entendo que a ButanVac é uma vacina nacional. O importante é termos uma vacina, e temos. Se parte dela é tecnologia internacional, isso é uma boa contribuição, isso é positivo.
João Doria, governador de São Paulo
O UOL procurou o Instituto Butantan após as declarações do governador, mas não teve resposta até a última atualização.
Na sexta, o Mount Sinai não foi citado durante a entrevista coletiva no Butantan para apresentar o imunizante nem por Doria nem pelo diretor do instituto Dimas Covas. O governo paulista reiterou que a vacina é "100% brasileira" e faz parte de um consórcio internacional com Vietnã e Tailândia para realização dos testes.
Horas depois, a Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai disse ao jornal Folha de S. Paulo que a ButanVac foi desenvolvida nos Estados Unidos.
Peter Palese, diretor do departamento de microbiologia do instituto, afirmou que os testes da fase 1, que ainda nem foram iniciados no Brasil, já estão sendo conduzidos no Mount Sinai e que eles quem iniciaram os testes no Vietnã e Tailândia.
Após a revelação, o anúncio passou a ser criticado nas redes sociais e mal avaliado até por apoiadores do govenador, sob a ótica de que a omissão do instituto tornou um anúncio positivo em negativo - semelhante ao que ocorreu em dezembro, durante a divulgação da eficácia da CoronaVac.
Na sexta, o Butantan voltou atrás e passou a incluir o nome do instituto americano nos comunicados à imprensa, dizendo que usou "parte da tecnologia" desenvolvida pelo Mount Sinai para "obter o vírus" e que, no Brasil, o desenvolvedor é a organização paulista.
"O uso dessa tecnologia [importada] é livre do pagamento de royalties e pode ser feito por qualquer instituição de pesquisa em qualquer parte do mundo", justificou. "Entre as etapas feitas totalmente por técnicas desenvolvidas pelo instituto paulista, estão a multiplicação do vírus, condições de cultivo, ingredientes, adaptação aos ovos, conservação, purificação, inativação do vírus, escalonamento de doses, estudos clínicos e regulatórios, além do registro."
No mesmo dia, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu o pedido do Butantan para a realização de testes clínicos.
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