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É crucial saber se evolução do vírus é mais transmissível, diz Dimas Covas

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan - Divulgação
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan Imagem: Divulgação

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

01/04/2021 04h00

O Instituto Butantan acompanha o registro de uma suposta nova variante do coronavírus em Sorocaba, no interior paulista. O caso, até então único, foi confirmado pelo governo paulista ontem e ainda precisa ser estudado. A avaliação, por enquanto, é que a descoberta preocupa, mas ainda não representa um perigo alarmante.

Segundo Dimas Covas, diretor do Butantan, a variante é semelhante à sul-africana (E484K), mas, como a pessoa contaminada não viajou nem teve contato direto com nenhuma pessoa que tenha estado no país, "existe a possibilidade de que seja já uma evolução das nossas P1 [de Manaus] em direção a essa nova mutação da África do Sul".

As características ainda serão estudadas. A preocupação do diretor do Butantan, no entanto, é que a variante sul-africana tem se mostrado "mais resistente" às vacinas em circulação. "Vimos isso com todas as vacinas. Ela tira um percentual [de eficácia] da Pfizer, da AstraZeneca, da CoronaVac. Dessa [variante], ainda não sabemos", afirmou Covas ao UOL.

Segundo o governo paulista, a paciente está isolada e ainda não há registro de outros casos. Enquanto nem 10% dos brasileiros foram imunizados, uma variante que acelere ainda mais a transmissão do vírus, como fez a P1, pode trazer uma nova escalada de casos e mortes.

Além de ver a incidência [da variante], é crucial entender se esta evolução pode ser ainda mais transmissível do que a P1. É isso que causa certa preocupação, que precisamos acompanhar.
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

Na coletiva em que a variante foi confirmada, ontem, Covas afirmou também que já está sendo feito um acompanhamento genômico de casos registrados em outros locais para a observação de onde pode ter surgido a variante.

"Temos que fazer esse sequenciamento rotineiro de um percentual das amostras que são testadas, exatamente para fazer o monitoramento do aparecimento das variantes", afirmou o pesquisador.

Segundo ele, assim que houver mais informações sobre a variante —caso seja confirmada como uma nova variante— haverá também testes com a CoronaVac, produzida em parceria com a chinesa Sinovac, e a ButanVac, imunizante do instituto anunciado na semana passada.

"Toda vacina está passando sempre por atualizações, adaptações, é como funciona. Nesses casos, vamos fazer os testes e as avaliações necessárias", concluiu.

O UOL procurou o Ministério da Saúde para saber da incidência da variante sul-africana no Brasil e como está o novo caso, mas não teve resposta até o fechamento da matéria.