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Com pandemia, morte de profissionais de saúde cresce 24,5% no país em 2020

Reuters
Imagem: Reuters

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

06/04/2021 04h00

O número de profissionais de saúde que morreram em 2020 cresceu 24,5% em relação ao ano anterior. O levantamento inédito, feito pela Arpen/Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) e obtido com exclusividade pelo UOL, revela o impacto da covid-19 entre os trabalhadores da linha de frente da pandemia.

No ano passado, foram 4.446 óbitos por causas naturais de pessoas da área de saúde de 12 profissões: biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, odontologia, psicologia, radiologia, nutrição, gestão hospitalar, estética e cosmética e ciências biológicas. Em 2019, esse número foi de 3.571.

Entre toda a população, a alta de mortes foi menor em relação aos dois últimos anos: 1,17 milhão de óbitos por causas naturais em 2019 e 1,36 milhão no ano passado —uma alta de 16,2%.

Segundo dados de 2021, apenas no primeiro bimestre foram 1.302 mortes entre profissionais de saúde.

Somando os 12 meses de pandemia (março de 2020 a fevereiro de 2021), os enfermeiros foram as maiores vítimas, com 1.893 profissionais mortos. Entre os médicos, foram 695 óbitos.

Os dados têm como base os cartórios de registro civil, que utilizam as informações dos registros de óbitos (necessário para emissão da certidão de óbito). Dados mais detalhados com números por profissão ainda serão disponibilizados no Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Arpen/Brasil.

Covid-19 lidera entre as causas de morte

Assim como no resto da população, a covid-19 foi a principal causa de óbito entre os profissionais de saúde, com 929 registros em 2020. O número foi praticamente o dobro da segunda colocada em causa de morte, no caso a pneumonia, que vitimou 476 pessoas da área de saúde.

Neste ano, com o pico da pandemia, a situação é proporcionalmente mais grave e, até fevereiro, já foram contabilizadas 482 mortes de profissionais pela covid-19, quatro vezes mais do que a segunda colocada, a septicemia, que tem 112 registros no primeiro bimestre.

Ao todo, entre março de 2020 e fevereiro de 2021, já foram 1.411 óbitos pela covid-19.

Em termos regionais, o Rio de Janeiro lidera o ranking com 396 mortes, seguido por São Paulo (371), Paraná (154), Bahia (115) e Rio Grande do Sul (108).

O presidente da Arpen/Brasil, Gustavo Renato Fiscarelli, explica que a instituição tem tentado compilar dados de forma mais ágil e detalhada para ajudar as autoridades e pesquisadores entenderem os impactos da pandemia no país.

"Já temos detalhados os óbitos por: covid-19, causas respiratórias e cardíacas, local, cor de pele e local de residência. Agora, vamos conseguir segmentar os óbitos por profissões, o que permitirá termos o real impacto da pandemia sobre os profissionais da saúde, que estão na linha de frente e são tão caros a todos nós na luta contra o coronavírus", afirma.