Rui Costa e Felipe Neto criticam compra de vacina por empresas
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse hoje que a compra de vacinas contra a covid-19 por empresas privadas "não resolve o problema do povo". O youtuber Felipe Neto, que chamou a proposta de "projeto fura-fila", e o ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina, também criticaram a votação.
Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Projeto de Lei 948/21, que permite à iniciativa privada comprar vacinas para a imunização gratuita de seus empregados. A Casa ainda deve votar destaques na tarde de hoje.
"A compra de vacinas por empresas não resolve o problema do povo. É a ciência quem define a prioridade na vacinação, e não o dinheiro. Não é hora de aprofundar desigualdades entre ricos e pobres. Não podemos admitir a ideia do salve-se quem puder. A vacina é do SUS e para o povo!", escreveu Costa no Twitter.
O youtuber Felipe Neto chamou a proposta de "projeto fura-fila" e sugeriu que os empresários que aderirem sejam expostos. "Todo empresário que comprar vacina antes, utilizando o projeto fura-fila, deverá ser exposto e amplamente divulgado. Que isso fique muito claro. Se os políticos não impedirem esse projeto criminoso, cabe a nós resistir", escreveu ele no Twitter.
Gonzalo Neto, ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), também criticou o projeto. Para ele, a vacinação não deve ser tratada como um ato individual, mas sim coletivo. "Acho imoral, através de ter dinheiro, conseguir ter vacina. Acho que o esforço que o país tinha que fazer era garantir imunizante para os grupos prioritários o mais rápido possível", disse ele, em entrevista à CNN Brasil.
O vice-presidente Hamilton Mourão também comentou a votação. Para ele, as empresas terão dificuldade em adquirir os imunizantes. "Eu acho que a iniciativa privada terá muita dificuldade para comprar vacina. Não tem vacina no mundo disponível, essa é a realidade", opinou Mourão. "Pode ser que empresas que têm pequeno número de funcionários, por exemplo, (consigam) comprar 5 mil, 6 mil vacinas, mas mais do que isso acho complicado", disse o vice-presidente.
A Câmara dos Deputados vai prosseguir hoje com a votação da proposta. O texto aprovado é um substitutivo da relatora, deputada Celina Leão (PP-DF), que prevê que essas compras, se feitas junto a laboratórios que já venderam vacinas ao governo federal, poderão ocorrer apenas depois do cumprimento integral do contrato e da entrega dos imunizantes ao Ministério da Saúde.
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