Mandetta critica compra de vacinas por empresas: 'Não tem nexo'
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) usou as redes sociais hoje para criticar o Projeto de Lei 948/21, que permite à iniciativa privada comprar vacinas para a imunização gratuita de seus empregados. Segundo o médico, a medida "não tem nexo".
"O projeto que permite a compra de vacinas pela iniciativa privada aprovado pelo Congresso não tem nenhum nexo, nem ético, nem do ponto de vista de saúde pública, nem do ponto de vista econômico. Vacinação se faz por risco epidemiológico, não pela ocupação das pessoas", escreveu Mandetta.
A Câmara dos Deputados concluiu a votação da proposta na noite de ontem. O texto do PL permite à iniciativa privada comprar vacinas contra a Covid-19 para a imunização gratuita de seus empregados, desde que seja doada a mesma quantidade ao Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta agora precisa ser aprovada também pelo Senado.
Críticos ao projeto
Além do ex-ministro Mandetta, diversos outros políticos e autoridades também se mostraram contrários à compra de vacinas pela iniciativa privada.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse que o PL pode "aprofundar a desigualdade" no Brasil.
Quem também criticou o projeto foi o vice-líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães. Durante uma live nas redes sociais, o político afirmou que esse projeto de lei é o "verdadeiro fura fila".
"O Projeto 948 é o verdadeiro fura fila. É um projeto que desmonta o SUS. Até agora, foi o SUS que salvou vidas pobres e ricas. De uma hora pra outra, os fura filas vão comprar vacinas e se vacinar. Vão deixar os pobres nas filas e morrendo", criticou Guimarães.
O deputado Marcelo Freixo, líder da minoria na Câmara, declarou que esse PL vai "quebrar as pernas do SUS".
"O projeto da privatização da compra da vacina é um escândalo. Vai piorar a situação do Brasil, deteriorar o SUS. Isso dá uma sensação de impotência, de tristeza. 4 mil famílias destroçadas, você não consegue ter luto. É muito triste o que a gente está vivendo. E nesse momento os caras estão quebrando a perna do SUS. Porque o SUS é baseado na universalidade e na gratuidade. São princípios constitucionais do Sistema Único de Saúde. Quando o cara diz que o empresário pode comprar, e ele escolher quem vai vacinar, está quebrando a perna do SUS. Isso é muito grave", afirmou o parlamentar carioca.
Outro que também teceu críticas ao projeto de lei foi Gonzalo Neto, ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em entrevista à CNN, Neto tratou a proposta como "imoral".
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