Sem doses, João Pessoa suspende vacinação após aglomeração de idosos
A retomada da vacinação contra a covid-19 em João Pessoa durou apenas um dia e foi marcada pela aglomeração de idosos no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, no bairro de Tambauzinho. Após o local registrar grandes filas e desorganização pela manhã, as doses da CoronaVac à disposição da Prefeitura se esgotaram e a gestão municipal anunciou uma nova suspensão da campanha.
Segundo a Prefeitura, a vacinação será retomada quando houver uma nova remessa de doses da CoronaVac pelo Ministério da Saúde.
A aglomeração de idosos na capital paraibana foi registrada às 7h em imagens da TV Globo. Segundo a emissora, algumas pessoas chegaram para formar uma fila no Espaço Cultural ainda de madrugada, às 3h.
Enquanto a reportagem fazia uma entrada ao vivo no ponto de vacinação, foi possível observar dezenas de idosos se aglomerando para sair de um local a outro do Espaço Cultural, muitos deles carregando cadeiras para ajudar a guardar um lugar na fila.
A vacinação no Espaço Cultural estava marcada para ser realizada entre 8h e meio-dia. No entanto, o local era destinado apenas para a aplicação da segunda dose e era necessário fazer um agendamento prévio. Mesmo assim, as medidas de distanciamento social não foram respeitadas, o que representa um risco maior de contaminação pelo novo coronavírus.
Além das pessoas que podiam fazer o agendamento para receberem a segunda dose, a gestão do prefeito Cícero Lucena (PP) vacinava hoje profissionais da saúde e pessoas com comorbidades, ambos os grupos para aqueles com 57 anos ou mais.
A vacinação estava suspensa na capital desde sábado (10). No domingo (11), os profissionais envolvidos na campanha ganharam uma folga, e ontem (12) a imunização contra a covid-19 não ocorreu para que os trabalhadores da saúde se vacinassem contra a influenza.
Prefeitura vê "falha" do Butantan
A Prefeitura de João Pessoa, que tem hoje o vice-prefeito Leo Bezerra (Cidadania) à frente da gestão — Lucena deixou o vice no cargo enquanto faz viagens a trabalho nos próximos dias —, apontou uma "falha" do Butantan como um dos motivos para a nova suspensão da vacinação.
A administração municipal alegou que os frascos da CoronaVac, envasada pelo Instituto Butantan, vieram com um número inferior de doses, que é de dez aplicações segundo o rótulo do imunizante. A capital paraibana diz que teve 10% de doses a menos, e isso afetou diretamente a aplicação da segunda dose.
"Por causa dessa falha, tivemos que estabelecer a oferta por agendamento para evitar o que, infelizmente, se confirmou — a corrida de um número acima do esperado para os postos", explicou Alline Grisi, diretora de Vigilância em Saúde de João Pessoa.
Apesar de outras cidades também relatarem a quantidade menor de doses no lote mais recente da CoronaVac, o Butantan nega que tenha havido falha no envase dos frascos e afirma que o problema se dá no momento de extração do líquido.
2ª dose após 28 dias
Por causa da nova suspensão, a Prefeitura de João Pessoa já considera a possibilidade de algumas pessoas serem vacinadas com a segunda dose após o prazo determinado para o reforço do imunizante, que é entre 14 e 28 dias. A gestão lembrou que o diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou que não há prejuízo para a imunização se a segunda dose for aplicada após 28 dias.
Apesar de Covas ter feito a afirmação baseado em estudos que comprovaram a eficácia maior do imunizante quando a dose de reforço é aplicada após 21 dias, o prazo máximo recomendado pelo Ministério da Saúde continua sendo de 28 dias. O próprio estado de São Paulo, onde o Butantan é sediado, manteve o intervalo entre 14 e 28 dias.
Repórter emocionado
Durante o relato da situação ocorrida hoje no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, o repórter da TV Globo Ítalo Di Lucena se emocionou ao ver a situação das pessoas, em sua grande maioria idosos, que se aglomeravam para tentar tomar a vacina. O profissional se emocionou, chegou a chorar, e pediu desculpas aos telespectadores.
"Peço até desculpas a todo mundo pela emoção porque além de repórter sou ser humano, tenho uma avó, e quando a gente vê isso aqui eu imagino minha avó enfrentando isso", disse o repórter, que classificou a situação como "absurda".
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