Os que militam contra a ciência são militantes da morte, diz reitor da UFPR
O reitor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Ricardo Marcelo da Fonseca, fez duras críticas ao tratamento da ciência no Brasil. Sem mencionar nenhuma pessoa específica, ele disse hoje que quem milita contra a ciência, é "militante da morte".
Fonseca participou de uma coletiva na tarde desta segunda (26) para tratar da vacina contra covid-19 desenvolvida pela instituição e reclamou dos crescentes cortes para pesquisa no país. Até então, a universidade recebeu apenas R$ 230.000 de investimentos federais para o projeto.
Neste momento dramático que vivemos, a ciência tem sido o veículo e a promotora da vida. Mais do que formação, do que civilidade, do que desenvolvimento econômico. Vida. Porque é a ciência que tem dado as condições para saúde e sobrevivência. Os que militam contra a ciência, neste momento, são os militantes da morte na pandemia.
Ricardo Marcelo da Fonseca, reitor da UFPR
Sem citar nomes, Fonseca frisou a ciência é também questão de soberania e deu o exemplo do imunizante em desenvolvimento: com insumos 100% nacionais, a vacina da UFPR não precisaria de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) estrangeiro, como acontece com a CoronaVac e a AstraZeneca/Oxford.
"Se tivéssemos tido financiamento consistente, digamos, na última década para ciência e tec no Brasil, quem sabe nesse momento não fôssemos dependentes de tecnologia estrangeira", criticou Fonseca. "Parabenizando mais uma vez os tenazes cientistas que, apesar da carência crescente de recursos, têm feito um trabalho espetacular."
Até então, o imunizante recebeu dois aportes: R$ 230 mil do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e R$ 995 mil do governo do estadual.
O investimento federal possibilitou o desenvolvimento até estágio atual da pesquisa, em testes em animais. O estadual será voltado para compra de equipamentos e custeio da próxima etapa da pesquisa e para pagamento de bolsas para pesquisadores em pós-doutorado.
Queria fazer essa homenagem à produção de conhecimento resistente neste país e pedir que a sociedade dê os braços para este grande patrimônio do povo brasileiro que é a universidade pública.
Ricardo Marcelo da Fonseca, reitor da UFPR
O uso de matéria-prima nacional também deixa a vacina paranaense mais barata do que as opções internacionais, entre R$ 5 e R$ 10 por dose. Segundo a universidade, o plano é conseguir fazer o o pedido à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar os testes em humanos em seis meses.
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