Saúde tira do ar nota que recomenda cloroquina e diz estar em atualização
O Ministério da Saúde retirou do seu site recomendação que orientava sobre o uso de cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19. A nota foi retirada do ar às vésperas da instalação da CPI da Covid, que investiga ações do governo federal durante a pandemia, segundo informação publicada pela revista "piauí".
Ao UOL a pasta alegou que a nota informativa 17/2020, de 30 julho de 2020, está em processo de atualização. "O documento está em fase final de elaboração e, em seguida, será enviado à Comissão de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) para deliberação", diz o ministério.
Ontem e hoje, a reportagem do UOL acessou uma matéria publicada em junho do ano passado pela pasta, que permanece no ar e com seguinte título: "O Ministério da Saúde amplia orientações para uso da cloroquina". Ao entrar na matéria, há outro link para "novas orientações para uso de medicamentos, mantendo o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento precoce". Essa página, porém, foi retirada do ar.
O documento que recomenda o uso da cloroquina, diz a "piauí", teria sido retirado depois de uma reunião na Casa Civil da Presidência e de uma lista de 23 questões sobre o enfrentamento da pandemia a que os ministérios deveriam responder, revelado pelo colunista do UOL Rubens Valente.
O governo de Jair Bolsonaro gastou recursos públicos e mobilizou uma estrutura do Estado para incentivar o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19. São remédios obrigatórios em nota informativa do Ministério da Saúde para o chamado tratamento precoce, como Tamiflu (fosfato de oseltamivir), cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina, que compõem o chamado "kit Covid", conforme publicou reportagem do jornal "Folha de S.Paulo".
Segundo a Folha, o governo federal gastou R$ 126,5 milhões com esses remédios para destiná-las a pessoas infectadas com a covid. Foram distribuídos 31 milhões de comprimidos aos estados.
Durante o seu depoimento à CPI, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi questionado 11 vezes pelo relator da comissão, o senador Renan Calheiros, se ele concorda ou não com o tratamento precoce e o uso da cloroquina contra a covid-19, medida sempre defendida pelo governo de Jair Bolsonaro. Queiroga se esquivou de todas as tentativas, e não respondeu a nenhuma delas feita pelo senador.
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