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Embaixador chinês nega retaliação e atribui atraso a demanda, diz Aécio

Aécio Neves (PSDB-MG) é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados - Pedro Ladeira/Folhapress
Aécio Neves (PSDB-MG) é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colaboração para o UOL

14/05/2021 16h39Atualizada em 14/05/2021 21h17

Aécio Neves (PSDB), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, divulgou que conversou hoje com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. Segundo o deputado, Wamming negou que o governo chinês esteja fazendo uma retaliação ao governo federal do Brasil, atrasando na entrega de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) da vacina CoronaVac. O atraso foi atribuído à alta demanda por vacinas. É uma posição contrária ao que o governador de São Paulo, João Doria, companheiro de partido de Aécio, tem declarado publicamente - ele culpa as ações do governo federal pelo atraso.

"O embaixador nega que exista retaliação e afirmou que está envolvido pessoalmente com as autoridades chinesas para acelerar essas exportações o mais rapidamente possível e acredita que isso logo ocorrerá. Assegurou que as relações da China com o Brasil vão muito além de governos, são relações que existem ha longo tempo, mas enfatizou a necessidade de melhorarmos o ambiente entre os nossos países", informou Aécio Neves hoje.

Apesar de negar a retaliação, Wamming "considera as críticas feitas ao governo chinês infundadas, injustas e acha importante que o Congresso possa ajudar para que essas relações entre os nossos países não sejam contaminadas".

Recentemente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criou polêmica ao insinuar que a China produziu o coronavírus em laboratório.

De acordo com Aécio Neves, Wamming criticou os Estados Unidos e países europeus por dificultarem a exportação de vacinas. A China alega que já negociou mais de 300 milhões de imunizantes para cerca de 100 países.

"O embaixador da China fez ainda uma crítica muito dura aos países desenvolvidos, em especial EUA e países europeus, que não têm avançado na exportação de vacinas, principalmente para países em desenvolvimento, o que ele considera lamentável. Cobrou, durante nossa conversa, que esses países possam agir de forma mais solidária", informou Aécio.

Quebra de patente

Aécio informou que a China mostrou uma postura favorável à possível quebra de patente das vacinas contra covid-19. O deputado informou que a China está aberta a conversar na OMC (Organização Mundial de Comércio) e defende a abertura das consultas sobre o assunto.

Por enquanto o Brasil tem se posicionado contra a quebra de patentes. O Ministério da Saúde alega que isso pode atrapalhar a distribuição de vacinas. Mas Aécio disse que tentará mudar isso.

"Tenho defendido junto ao chanceler Carlos França, ao embaixador Alexandre Parolla, representante do Brasil na OMC, e a outras autoridades do governo brasileiro, que o Brasil possa também flexibilizar sua posição. Temos que pensar essa questão não apenas no curtíssimo prazo, e nesse somos mesmo dependentes da oferta de vacinas de outros países. Mas, a médio e longo prazos. Nós não podemos deixar que se perpetue essa posição de absoluta dependência do Brasil", opinou Aécio, que prometeu discutir esse tema na Câmara dos Deputados.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no primeiro parágrafo desta matéria, o atraso no entrega de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) é para a produção da CoronaVac, e não da ButanVac. O erro foi corrigido.