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Ritmo lento de vacinação pode cultivar mutações, diz presidente do Einstein

Do UOL, em São Paulo

25/05/2021 09h23Atualizada em 25/05/2021 10h30

O presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner, disse que a lentidão da vacinação no Brasil gera a oportunidade para cultivar mutações do coronavírus. A declaração foi dada hoje ao UOL News.

"A preocupação [com a cepa indiana] é proporcional à preocupação com a lentidão da vacinação. Quando nosso programa avança num ritmo tão lento, gera a oportunidade de cultivar mutações que levam a cepas mais infectantes, colocando em risco o próprio PNI (Programa Nacional de Imunização)", afirmou.

Segundo Klajner, o Einstein recebe cerca de 20 novos pacientes com covid-19 por dia. "Nesse momento, o hospital passou de 112 para 114, 128, 142. Ontem tínhamos 157 leitos ocupados por covid, hoje são em torno de 168 internados", disse. "Quando começamos a dedicar leitos em número crescente para covid, o risco é não atender os pacientes que têm necessidades com outras doenças. Isso significa o colapso do sistema".

"Essa semana temos ainda respiro de 10 leitos a serem ocupados, mas abrindo mais 60 leitos de covid ao longo dos próximos dias imaginando a tendência de crescimento."

Não sei se dá para chamar de terceira onda o que está acontecendo agora porque não houve melhoria ou diminuição marcante de casos por um tempo prolongado."
Sidney Klajner, presidente do Albert Einstein

Ele ainda diz que o aumento no número de casos era esperado: "A gente vê bares e restaurantes lotados, o abandono do uso de máscara e do distanciamento físico entre as pessoas", afirmou. "A população está cansada de ficar isolada, as pessoas necessitam trabalhar. Se tudo isso fosse feito com bons exemplos, tenho certeza absoluta que esse grau de contaminação seria menor".

No domingo (23), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apareceu sem máscara e promoveu um passeio com motociclistas no Rio de Janeiro. Em discurso, Bolsonaro atacou governadores e disse que as restrições são adotadas "sem qualquer comprovação científica", na contramão do que dizem epidemiologistas.

Às vezes exemplos dados acabam sendo percebidos como algo normal e permitido. Nesse momento, precisamos manter o distanciamento físico adequado, o uso de máscara. O que falta é o comportamento ser mais adequado."
Sidney Klajner, presidente do Albert Einstein

Klajner ressalta que quando o sistema está beirando a ocupação máxima, a única saída são as medidas restritivas como o lockdown e a quarentena.