Secretária da Saúde pede 'prudência' em decisões sobre o uso máscaras
Em meio a anúncios da suspensão de obrigatoriedade do uso de máscaras tanto no Rio de Janeiro, quanto no Distrito Federal, a secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite Melo, defendeu a continuidade do uso do equipamento de proteção. Durante participação em uma comissão na Câmara, ela defendeu "cautela" e "prudência" para decisões.
A secretária lembrou que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que mesmo os vacinados devem usar máscaras. Além disso, segundo Rosana, o ministério vai emitir, em novembro, uma nota técnica sobre o tema a partir da análise de "vários indicadores", como a taxa de imunização, incidência da doença e taxa de ocupação de leitos.
"As vacinas evoluíram fantasticamente. Elas protegem, sim, da doença grave e consequentemente do óbito. Porém, a proteção contra infecção existe, mas ela ainda não é 100%. Talvez tenhamos que ter outros fatores [para suspender o uso de máscaras], temos as variantes que estão aí. Então nós temos que ter cautela e prudência", disse.
Rosana também usou como exemplo os países que flexibilizaram a medida, mas que precisaram voltar atrás devido a um novo aumento de casos e das taxas de transmissão da doença. A secretaria citou os casos dos Estados Unidos, Israel e Portugal, além da Rússia e de outros países da Europa que têm enfrentado recrudescimento e adotado medidas mais restritivas.
"Hoje estamos com cerca de 62% da população que já vacinou na segunda dose e estão com esquema vacinal primário completo. Ainda estamos um tanto precoces [para retirar máscaras] se formos adotar alguns índices [considerando] apenas nisso. A tomada dessa decisão não é apenas com base nesse indicador", concluiu.
Anvisa e entidades também defendem uso de máscaras
Além da secretária, participaram da reunião na Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19, representantes do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ambos também se mostraram contrários às decisões de suspensão do uso das máscaras.
O diretor da Anvisa, Alex Campos, também defendeu que o momento é de "cautela". Ele também atentou para o fato de a pandemia não ter acabado.
"A movimentação que os gestores devem fazer no sentido de comunicar publicamente determinadas decisões pode ter forte impacto no porvir da administração da pandemia", disse, e completou: "A retomada não pode ser confundida com decretação do fim da pandemia, a decretação antecipada. Algumas medidas, inclusive essa que estamos discutindo sobre o uso de máscaras, dialogam coma ideia do fim da pandemia."
Alessandro Chagas, do Conasems, ressaltou que a máscara "protege a vida e as pessoas". Ele também defendeu a autonomia de estados para a decisão, mas ponderou que a necessidade de "ser solidário em plena pandemia é mais importante".
Já o representante do Conass, Leonardo Vilela, apesar de reiterar o exemplo de países que, de forma "um pouco apressada" liberaram e depois voltaram atrás sobre a suspensão das máscaras por alta de casos, opinou que "deve prevalecer o bom senso". Para ele, caso outros indicadores além da vacinação sejam analisados como positivos, o uso da proteção pode ser avaliado.
"O risco de contaminação em ambientes abertos, bem ventilados, onde não há aglomeração, é muito pequeno. Portanto, naqueles casos onde a taxa de transmissão é baixa, onde o número de óbitos, de casos e de internações está caindo, onde nós temos disponibilidade e capacidade de mobilização de leitos, nós achamos que o gestor, com muita prudência e muita cautela, pode optar em liberar em ambientes abertos sem aglomeração", defendeu.
Vilela também ponderou que há cenários diferentes dependendo das situações, o que deve ser levado em consideração. Ele exemplificou que uma pessoa que caminha sozinha em um parque pode fazê-lo sem máscara, mas que um estádio com 20 ou 30 mil pessoas, apesar de aberto, ainda representa aglomeração.
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