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Infectologista: Brasil exigir vacina de viajantes ajudaria a conter ômicron

Do UOL, em São Paulo

29/11/2021 13h15Atualizada em 29/11/2021 14h06

O infectologista e presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) Renato Kfouri afirmou hoje, durante o UOL News, que o Brasil deveria exigir o passaporte da vacina, além do teste de detecção do novo coronavírus, para todos aqueles que entram no país para tentar conter a entrada da variante ômicron no território nacional. A nova variante do coronavírus foi identificada na última semana na África do Sul.

Eu só acho que a gente precisa acrescentar um dado que seria exigir vacinação para quem entra nesse país. Não é possível que esse país seja tão liberal assim que qualquer um não vacinado entre nesse país.
Presidente da SBIm Renato Kfouri ao UOL News

Para o médico, a exigência do comprovante de vacinação com um teste PCR recente poderia dificultar a entrada da nova cepa no Brasil em vez de fechar as fronteiras para alguns países.

"Se você coloca um filtro a mais, exige um PCR para alguém entrar aqui no Brasil feito com 72h pelo menos, você tem uma triagem mínima. Se você adiciona outra triagem importante como a vacina, você dificulta a entrada. É mais eficiente do que fechar fronteira para meia dúzia de países."

Na sexta-feira (26), o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, anunciou que o Brasil fecharia, a partir de hoje, as fronteiras aéreas para seis países da África por causa da nova variante do coronavírus. A restrição afeta os passageiros oriundos de África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

De acordo com o infectologista, a variante já está em vários locais do mundo, "então, não faz diferença a gente fechar para Moçambique se vem alguém da Bélgica, Austrália, Reino Unido infectados". Ele alertou que, no momento, o ideal seria reduzir as chances de viajantes contaminados entrarem no país.

"Fechar fronteiras é muito difícil, não controla. A variante vai entrar aqui de qualquer maneira, não tem como não entrar, o mundo inteiro vai conviver com essa variante, é uma questão de tempo. O que nós precisamos é reduzir as chances de infectados virem para cá. [Exigir] PCR mais vacina, isso sim funcionaria muito mais."

Ex-presidente da Anvisa condena restrições à África

O médico sanitarista e fundador e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Gonzalo Vecina disse no UOL News desta manhã que isolar países africanos por causa da ômicron só irá piorar a situação humanitária do continente. Até o momento, cerca de 30 países, incluindo o Brasil, fecharam suas fronteiras para algumas nações africanas por causa da nova variante, principalmente África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

"Quando a gente observa como um vírus como esse se alastra e causa dor, sofrimento e morte, a primeira coisa que a gente pensa é se afastar e afastar tudo isso de nós. Mas essa é uma medida boba e que desequilibra a humanidade", disse Vecina.

A OMS já se manifestou contra a suspensão de voos e outras medidas aplicadas ao sul da África. A entidade pediu para os países guiarem suas decisões pela ciência, já que as restrições de viagens em relação ao continente apenas reduzem "levemente a expansão da covid-19".

O ex-presidente da Anvisa ainda afirmou que só saberemos da eficácia das atuais vacinas da covid-19 contra a ômicron dentro de três a quatro semanas.

Ministro é criticado após sugerir regras rígidas a não vacinados

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, foi criticado nas redes sociais após defender procedimentos sanitários mais rígidos para entrada de não vacinados no Brasil em razão da descoberta da nova variante.

"A gente tem defendido a abertura, isso não só aqui no Brasil, para aquelas pessoas que estejam com a imunização completa, com as vacinas reconhecidas pela OMS. Entendo que isso é importante para a economia de todos os países.", começou.

E completou: "Diminuição das exigências sanitárias para aqueles com imunização completa e procedimentos mais rígidos do ponto de vista sanitário, maiores decisões, para aqueles que não tem imunização completa. É nessa linha que a gente vai seguir", declarou o ministro a jornalistas no sábado (27). A fala foi transmitida pela Jovem Pan News.

Tarcísio — que discute com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sua candidatura ao governo de São Paulo — foi duramente criticado por pessoas antivacinas nas redes sociais e o ministro rebateu ontem dizendo que a fala foi "tirada de contexto".