Um dia após liberação, governo ainda não decidiu se compra vacina infantil
O Ministério da Saúde ainda não decidiu se vai comprar vacinas contra a covid-19 para crianças um dia depois de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizar a aplicação no Brasil de um imunizante formulado pela Pfizer especialmente para o público entre 5 e 11 anos.
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) indicam indisposição para comprar os imunizantes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), iniciou tratativas com o laboratório para importar a vacina.
Questionado pelo UOL sobre quando pretende comprar as vacinas aprovadas ontem pela agência reguladora, o ministério respondeu em nota que ainda "analisará a decisão da Anvisa sobre o uso de vacinas da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos na Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19".
Ontem, Bolsonaro e Queiroga deram sinais de que não concordam com a decisão da agência. Durante uma transmissão em rede social, o presidente afirmou ter pedido o nome dos integrantes da Anvisa responsáveis pela aprovação da vacina infantil.
"Pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas", afirmou. "A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai."
Segundo o colunista Josias de Souza, Bolsonaro ficou "furioso" com a liberação e até se arrependeu de ter indicado Antonio Barra Torres para presidir a Anvisa.
Ainda ontem, Queiroga chegou a dizer que não haverá vacinação em crianças em 2021.
A avaliação da Anvisa é uma avaliação, a avaliação feita pela câmara técnica do ministério é outra avaliação. O ministério vai discutir amplamente esse assunto com a sociedade."
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde
Procurada pelo UOL, a Pfizer desconversou quando questionada sobre quanto tempo precisaria para enviar as doses ao Brasil depois que o governo federal fizer a compra.
Em nota, disse que "ainda não é possível determinar a data de entrega de doses pediátricas ao Brasil" e que "está fazendo todos os esforços" para que cheguem ao país "o mais rapidamente possível".
A farmacêutica lembra que o contrato para fornecimento de 100 milhões de vacinas no ano que vem já inclui a possibilidade de entrega das versões modificadas do imunizante.
Doria vai comprar
Rival de Bolsonaro desde o início da pandemia, Doria —que é pré-candidato à presidência em 2022— tratou de, ontem mesmo, enviar um ofício à Pfizer manifestando o interesse do estado de São Paulo em comprar as vacinas infantis contra a covid.
"Orientei nosso secretário da Saúde (...) a procurar a Pfizer e negociar a aquisição da vacina para aplicação em crianças de 5 a 11 anos, independentemente de o Ministério da Saúde e de o Programa Nacional de Imunização", afirmou o governador, que disse ter dinheiro em caixa para as 8 milhões de doses necessárias no estado.
Vacina é própria para crianças
O imunizante foi desenvolvido pela Pfizer/Wyeth especialmente para crianças, ao contrário de outros laboratórios que estão adaptando as vacinas já disponíveis, formuladas para maiores de 12 anos.
O armazenamento após o descongelamento do imunizante tradicional dura 1 mês se a vacina for conservada entre 2ºC e 8ºC, enquanto esse tempo chega a dez semanas para a versão infantil, desde que mantida na mesma temperatura.
Veja as principais diferenças:
Maiores de 12 anos
Dose: 30 microgramas
Volume: 0,3 ml
Doses por frascos: 6
Cor do frasco: roxa
Crianças de 5 a 11 anos
Dose: 10 microgramas
Volume: 0,2 ml
Doses por frasco: 10
Cor do frasco: Laranja.
A recomendação da Anvisa é que as crianças recebam duas doses do imunizante com três semanas de intervalo entre elas. O risco é baixo.
Segundo a agência, 60% das notificações de eventos adversos em países que já adotaram o imunizante estão relacionadas a complicações em "procedimentos da aplicação" e 39% a eventos leves, como dor no local da aplicação.
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