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Exames positivos para covid sobem de 8% para 40% após festas de fim de ano

Teste de covid-19 realizado em laboratório - iStock
Teste de covid-19 realizado em laboratório Imagem: iStock

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

11/01/2022 16h59Atualizada em 11/01/2022 18h42

Os exames positivos para covid-19 em laboratórios privados no Brasil dispararam depois das festas de fim de ano, revela pesquisa repassada com exclusividade ao UOL pela Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), que representa 65% dos laboratórios de diagnóstico do país.

De todos os exames coletados entre 20 e 26 de dezembro de 2021, apenas 7,6% indicavam positividade para o coronavírus, índice que saltou para 40% entre os exames coletados de 3 a 8 de janeiro de 2022.

A suspeita de infecção durante o período das festas praticamente dobrou a procura por exames laboratoriais, que viram os testes para covid passarem de 121 mil para 240 mil no mesmo período.

"Se o ritmo for mantido, a expectativa é que, até o final do mês, os números alcancem os registrados no final de janeiro de 2021, quando foram realizados cerca de 1,5 milhão de exames", afirma a Abramed em nota.

"A ômicron tem uma capacidade de transmissão muito maior do que tudo o que a gente viu até agora na pandemia", afirma Noaldo Lucena, pesquisador e infectologista da Fundação de Medicina Tropical de Manaus.

Especialista em doenças inflamatórias e infecciosas, Flávio Protásio Veras, professor da USP de Ribeirão Preto, lamenta a falta de testes em massa disponibilizados pelo poder público no Brasil, "que servem para encontrar os infectados e orientar isolamento".

Como nem todos podem recorrer ao exame em laboratório privado ou ao teste de farmácia, Veras orienta evitar aglomerações e reforçar o uso de máscaras, de preferência do tipo PFF2/N95, com maior poder de filtragem do ar do que as cirúrgicas ou as de pano.

"A PFF2, sem dúvida nenhuma, é melhor se comparada com a máscara de pano", diz o médico. "Essas máscaras são mais modernas" e se ajustam melhor ao rosto, evitando que o vírus chegue às vias respiratórias.

Ontem, o Ministério da Saúde afirmou que enviará à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) uma nota técnica solicitando a avaliação do autoteste para diagnóstico da covid-19.

Segundo o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, o ministério concluiu que o exame pode ser uma "importante ferramenta de apoio" no combate ao coronavírus.

Exames de gripe também aumentam

Os exames para detecção do vírus influenza também registraram aumento expressivo antes mesmo da virada do ano, diz a associação.

"Alguns laboratórios registraram elevação superior a 1000% entre a primeira e a última semana de dezembro de 2021", com taxa de positividade que também chegou a 40%.

A boa notícia é que "apesar do alto volume de testagens, a taxa de positividade caiu em janeiro para 10% nos exames de influenza", afirma a entidade. A razão provável é que o surto de gripe está arrefecendo.

Segundo a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), surtos gripais duram de quatro a seis semanas no verão, "enquanto o coronavírus resiste bem mais".