Número de profissionais afastados deve fazer saúde colapsar, diz médica
A intensivista e cardiologista Ludhmila Hajjar disse ao jornal O Globo que "em uma semana os sistemas de saúde deverão entrar em colapso no Brasil" pelo aumento no número de infecções de covid-19. Segundo a médica, o cenário deve ocorrer pela alta de casos, que levará as pessoas a se encaminharem aos ambulatórios, e a quantidade de profissionais da saúde afastados por também estarem contaminados pelo novo coronavírus.
Na segunda-feira (10), o mundo registrou um novo recorde de casos de covid-19 em 24 horas, com mais de 3 milhões de infectados, segundo dados do Our World in Data, projeto ligado à Universidade de Oxford. Dados divulgados ontem pelo consórcio de veículos imprensa, do qual o UOL faz parte, mostraram que das últimas 24 horas, o país registrou 73.617 novos testes positivos para a covid-19.
Pelo ritmo que estamos vendo, em uma semana os sistemas de saúde deverão entrar em colapso no Brasil. O número de infecções aumentará mais ainda nos ambulatórios e provavelmente faltarão mais profissionais da saúde no combate.
Ludhmila Hajjar, intensivista e cardiologista
A intensivista explicou que "a maioria dos médicos e enfermeiros foi imunizada com duas doses da CoronaVac e reforço da Pfizer. A CoronaVac foi importantíssima no início, frente à inexistência de outras. Mas ela não protege como as outras em relação a novas variantes."
"Muitos de nós seremos infectados. De uma forma mais branda em relação ao que se viu há um ano, quando não havia imunizantes no Brasil. Mesmo assim, seremos afastados", completou a médica.
Hajjar — que foi cotada para assumir o Ministério da Saúde, em março de 2021, mas recusou o convite do presidente Jair Bolsonaro (PL) — explicou que apenas na sua área em uma das unidades de saúde em que atua, o Hospital das Clínicas, em São Paulo, já tem 56 profissionais afastados por estarem com a doença.
A médica ainda definiu como "perigoso" a possível permissão para profissionais da saúde vacinados com a dose de reforço trabalharem mesmo contaminados.
"Temos contato físico muito próximo dos pacientes, o risco de transmissão é alto ainda mais quando se trata da ômicron, que tem uma taxa muito alta de contaminação. Reduzir o tempo de quarentena acho responsável e isso poderá ajudar para cobrir desfalques. Mas ao menos sete dias de afastamento seria prudente."
A intensivista finalizou dizendo ser contra o fim da obrigatoriedade no uso de máscaras em ambientes abertos visto o atual cenário da doença no país e no mundo.
"Nesse momento, com o número de infectados em ascensão, com o surgimento de novas variantes, ainda com desigualdade na aplicação das vacinas, eu sou contra abolir uso de máscaras, medidas simples, disponível e efetiva contra a covid-19."
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