Estado de SP tem 1.754 profissionais da saúde afastados com covid ou gripe
Os postos e hospitais da rede estadual de saúde de São Paulo somam 1.754 profissionais da saúde afastados com covid-19 ou suspeita de outras síndromes respiratórias, de acordo com dados de terça-feira (11) da Secretaria Estadual de Saúde.
Segundo o órgão, o número representa 1% do total de funcionários da rede — que tem mais de 172,3 mil profissionais. "Qualquer profissional com suspeita da doença é temporária, preventiva e prontamente afastado, para recuperação de sua saúde e prevenção dos demais", informou a pasta.
Em março do ano passado, na chamada segunda onda da pandemia do coronavírus, o estado teve 6,6 mil profissionais afastados pelo mesmos motivos.
Apesar de o número não ter aumentado em relação ao ano passado, a ausência de profissionais afeta os hospitais. No último domingo (9), o pronto-socorro do hospital Heliópolis, na zona sul de São Paulo, chegou a atender apenas casos urgentes.
Reportagem do g1 mostrou com exclusividade placas no local que informavam a suspensão do atendimento para casos leves e até mesmo por superlotação — o que foi confirmado pela secretaria de Saúde.
A professora Raquel da Conceição, 38, disse que na segunda-feira (10) só foi atendida no local após explicar seu caso para uma profissional da saúde. "Deu uma alteração na minha tomografia, e sinto fortes dores de cabeça, só depois que mostrei tudo recebi atendimento", contou.
Hoje, ela retornou ao pronto-socorro e levou mais de cinco horas para ser atendida.
"Tivemos um aumento no número de atestados entre os profissionais da saúde, então até remanejar funcionários isso leva tempo e durante esse período decidimos não ter triagem para casos leves", disse o diretor técnico do hospital, Abrão Rapoport. O médico afirmou, no entanto, que hoje o hospital está em pleno funcionamento.
Ao todo, o pronto-socorro conta com 79 profissionais da saúde. Pelo menos 18 estão afastados, sendo que dez foram diagnosticados com covid-19. Os outros são suspeitos ou casos confirmados de gripe.
"O hospital é uma unidade de média e alta complexidade e, assim como preconiza o SUS [Sistema Único de Saúde], prioriza os casos graves e gravíssimos. Os pacientes com casos "leves" são indicados a procurar as unidades básicas de saúde, "porta de entrada" do SUS", informou a secretaria.
Segundo Rapoport, a variante ômicron, por ter uma velocidade maior de contaminação, tem afetado os profissionais. No entanto, diz ele, nenhum apresentou quadro grave.
Questionado sobre a necessidade de contratar novos médicos para evitar que a população fique desassistida, o diretor disse que "isso não existe". "Médicos são concursados, temos que resolver com a capacidade [de funcionários] que o hospital tem", afirmou.
Até as 17h, o estado acumulava 4.478.468 casos de covid-19 e 155.420 mortes em decorrência da doença. Pesquisa encomendada pelo UOL à Info Tracker, plataforma de monitoramento da pandemia das universidades USP e Unesp, mostrou que as novas internações em leitos reservados para covid mais do que dobraram em um mês no estado paulista.
O avanço da ômicron e do surto de gripe H3N2 são as principais explicações. A variante do novo coronavírus já representa 92,6% dos testes positivos para covid no Brasil, segundo o ITpS (Instituto Todos pela Saúde).
'Tem médico?'
A reportagem esteve no pronto-socorro hoje no final da manhã e na parte da tarde. Quem chegava ao local perguntava aos outros pacientes e também aos funcionários se havia médicos para o atendimento.
Para a dona de casa Maria de Sousa, 65, a pergunta virou costume nas últimas semanas, já que o hospital tem registrado longas esperas pela ausência de médicos e enfermeiros.
"Meu filho é especial, preciso ajudar ele a andar. Venho sozinha, pergunto se tem médico e volto pra casa para trazer de volta", conta. Moradora da região, ela disse que desde sexta tem ouvido vizinhos reclamarem da falta de médicos.
Na segunda e sexta-feira, dois conhecidos da dona de casa não conseguiram atendimento por não se tratar de um caso urgente e foram encaminhados para postos da região.
"Agora vou trazer meu filho e esperar pra ser atendido", disse Maria. Um outro paciente, que não quis ser identificado, disse para reportagem que chegou ao local 8h e foi atendido apenas 14h também.
Em relação à demora no atendimento dos pacientes, o diretor do hospital disse que não pode afirmar uma espera de três, quatro horas, "mas de duas a três sim", porque "tem hora que não tem profissional suficiente para alta demanda".
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