Internações de menores de 18 anos em UTI covid sobem 61% em SP, diz Doria
O número de internações de crianças e adolescentes, menores de 18 anos, em UTI (unidade de terapia intensiva) com covid-19 subiu 61% entre novembro e janeiro no estado de São Paulo. O aumento acompanha a alta nos índices de internação no estado.
Segundo a Secretaria da Saúde de São Paulo, as hospitalizações pediátricas em leitos de alta complexidade saltaram de 109, em 22 de novembro de 2021, para 171 em 10 de janeiro —antes do início da vacinação infantil.
O anúncio, feito em coletiva hoje pelo governador João Doria (PSDB), se dá um dia antes da decisão do mais recente pedido de aprovação da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, para crianças de 3 a 17 anos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Caso a vacina seja liberada pela agência, o governador prometeu aplicação imediata.
"Uma população não vacinada, mais vulnerável, portanto aqueles menores de 17 anos, tem tido uma elevação significativa, em mais de 61%. Em dois meses, tivemos um número que saltou de 106 pacientes internados em UTI, graves, para 171", afirmou o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn.
"Isso é o que é chamado de deslocamento epidemiológico. Quer dizer: quando se vacina as populações mais idosas, os efeitos da pandemia se fazem nas populações não vacinadas", disse Dimas Covas, diretor do Butantan.
Segundo Regiane de Paula, coordenadora do PEI (Programa Estadual de Imunização), a maior parte dos jovens internados em estado grave é de não vacinados, embora o governo não tenha fornecido números.
Temos mais crianças não vacinadas do que vacinadas, o que se repete um pouco também no público que está mais velho, que está com falta do esquema vacinal completo ou ainda não tomou a sua dose. Nesse momento, 2,3 milhões de pessoas não retornaram para tomar a segunda dose, e, preferencialmente, 1,3 milhões são de um público jovem, de 12 a 24 anos. É essa população que, se não completar a vacinação, estará adoecendo."
Regiane de Paula, coordenadora do PEI
Aumento de internações no estado
O aumento das hospitalizações na UTI pediátrica de covid acompanha uma alta geral dos índices da pandemia de coronavírus no estado, que voltou a ultrapassar 50% de ocupação dos leitos.
Com números até a última terça (18), o estado tinha índice de ocupação de 54% e a Grande São Paulo, de 60%. Gorinchteyn ressaltou, no entanto, que o número total de leitos é muito inferior aos do pico da pandemia, no primeiro semestre de 2021.
"É muito importante lembrarmos que, a despeito desses números percentuais, quando olhamos o número absoluto [de internações], vemos que os internados em UTIs são 2.842. No pico da primeira onda, tivemos 6,5 mil. No pico da segunda onda, só nas UTIs, tivemos 13,1 mil pessoas internadas. Portanto, [hoje] é um número bem menor", argumentou o secretário.
Decisão da Anvisa sai amanhã
Amanhã (20), a Anvisa deverá divulgar a decisão sobre a aprovação ou não da aplicação da CoronaVac em crianças de 3 a 17 anos. Segundo Doria, caso aprovada, o uso será iniciado no mesmo dia, com 10 milhões de doses reservadas para este público.
A avaliação levará em conta o segundo pedido feito pelo Butantan à agência —enviado em dezembro. O primeiro, em agosto, foi negado. Até agora, só a Pfizer está aprovada para aplicação no público de 5 a 17 anos.
"A vacina CoronaVac é a que tem o melhor perfil de segurança para essa população, em comparação a todas as demais, e com uma alta efetividade", defendeu Dimas Covas.
Desde a aprovação do imunizante norte-americano para adolescentes, no ano passado, o governo paulista tem aumentado a pressão pela aprovação da CoronaVac. Agora, promete aplicação imediata.
"Tendo a aprovação da Anvisa para a utilização da CoronaVac em crianças, uma vacina que tem demonstrado eficiência e segurança onde foi utilizada, São Paulo começa a vacinar imediatamente as crianças nessa faixa etária", disse o governador.
"Os dados evidenciam a necessidade de acelerarmos a vacinação infantil. Aliás, poderíamos tê-la iniciado mais cedo, se não fosse o Ministério da Saúde", criticou Doria.
A CoronaVac foi desenvolvida pelo Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac. Outros países, como China, Chile, Equador e Indonésia já usam o imunizante da Sinovac em crianças.
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