'Desinformada e reciclada', dizem médicos sobre nota do Ministério da Saúde
A defesa da hidroxicloroquina em detrimento da vacinação contra a covid-19 é só um de muitos erros cometidos pelo secretário do Ministério da Saúde Hélio Angotti Neto. A avaliação é do grupo de médicos liderado pelo pneumologista e professor da USP (Universidade de São Paulo) Carlos Carvalho.
Os especialistas protocolaram, hoje, no Ministério da Saúde um recurso de cerca de 100 páginas em que solicitam a revogação de todo o conteúdo do documento ministerial de caráter considerado "negacionista", divulgado em janeiro. Por meio dessa nota técnica, Angotti Neto sustentou sua decisão de rejeitar diretrizes sobre tratamentos ambulatoriais de pessoas com covid-19.
"Todos os equívocos sem base científica apresentados por Angotti Netto em seu parecer são rebatidos. A nota do secretário é repleta de erros técnicos, que vão além da defesa de medicamentos sem eficácia reconhecida contra a covid-19", disse um interlocutor ao UOL.
Médico e integrante da ala ideológica (capitaneada pelo polemista Olavo de Carvalho) no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), Angotti Neto é responsável pelo setor de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos da pasta.
Ao defender o uso de hidroxicloroquina no tratamento da doença, o secretário atacou a metodologia utilizada pelos especialistas favoráveis à vacinação e questionou o rigor técnico de pesquisadores que se posicionaram contra o tratamento precoce.
"O texto de Angotti Neto é, em última análise, negacionista, desinformado e reciclado", afirmou outro integrante do grupo, que destaca que a maior parte dos argumentos apresentados pelo secretário do Ministério da Saúde já haviam sido apresentados e rebatidos anteriormente.
Procurado pelo UOL, o gabinete de Angotti Neto informou que o secretário se manifestará dentro do prazo estabelecido, de cinco dias.
Se aceitos os argumentos, o secretário deverá submeter o recurso à avaliação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que decidirá se a pasta acatará os pedidos do grupo, determinando a revogação da nota técnica assinada por Angotti Neto e autorizando a publicação das diretrizes de autoria do grupo.
De olho no STF
Nos bastidores, a expectativa é que o secretário volte a rejeitar os argumentos dos especialistas. O caso, então, deverá ser levado para apreciação do STF (Supremo Tribunal Federal).
No fim de janeiro, a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), já havia determinado que Angotti Neto e Queiroga explicassem a nota técnica, a pedido da Rede Sustentabilidade.
Angotti Neto foi convidado a depor na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, onde deve ser questionado sobre o veto dado à análise do tratamento de covid-19 aprovada pela Conitec.
O posicionamento antivacina adotado por Angotti Neto, e contestado pelo grupo de médicos liderado por Carvalho, vai na contramão do que defendem os principais órgãos de vigilância sanitária e medicina do mundo, como a OMS, a Food and Drug Administration (agência de regulação na saúde dos Estados Unidos) e a Agência Europeia de Medicamentos
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