Ministro da Saúde critica CPI da Covid e diz que ela só atrapalhou o Brasil
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou hoje a CPI da Covid, dizendo que ela só atrapalhou o país, em entrevista à coluna do jornalista Igor Gadelha, do portal Metrópoles. Queiroga afirmou que as investigações feitas pela comissão no Senado vasculharam o governo e não encontraram nada.
A CPI, porém, concluiu que a atuação do governo federal contribuiu para o elevado número de mortes no Brasil, ao ignorar orientações científicas e apostar em medidas como a deliberada contaminação em massa da população, orientada por um suposto gabinete paralelo do Ministério da Saúde, no qual médicos e aliados governistas sem relação formal com o governo passavam orientações e recomendavam medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid. A divulgação de notícias falsas por parte do presidente Jair Bolsonaro também teria contribuído para o aumento da desinformação e mortes pela doença. Além disso, a CPI apontou irregularidades em negociações de vacinas, demora para comprar imunizantes eficazes, negligência para evitar o colapso sanitário no Amazonas e falta de planejamento para elaborar e executar o orçamento na pandemia.
A CPI pediu o indiciamento de 66 pessoas, incluindo Bolsonaro, e duas empresas. Os pedidos, porém, estão travados na PGR (Procuradoria-Geral da República)
Na entrevista, Queiroga também criticou a CPI porque, segundo ele, durante as sessões, os servidores pararam de se preocupar com as políticas públicas e passaram a se ocupar com repassar as informações para a comissão.
O ministro negou que tenham enfrentado qualquer dificuldade com o presidente Jair Bolsonaro nas ações de combate à pandemia. Segundo ele, Bolsonaro sempre defendeu a autonomia médica e, por ser médico cardiologista, Queiroga teria autonomia nas decisões da pasta. No entanto, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, seus antecessores, também eram médicos e saíram porque Bolsonaro não aceitou a forma como eles conduziam a pasta na pandemia.
A autonomia médica era utilizada como argumento do presidente para defender medicamentos que não tinham eficácia comprovada contra a covid-19, como é o caso da cloroquina e da ivermectina.
Fim da emergência sanitária
Hoje, o ministro da saúde assinou a portaria que revogou a emergência sanitária por covid-19.
O ato, porém, não representa o fim da pandemia em si —somente a OMS (Organização Mundial da Saúde) tem essa prerrogativa.
Apesar de encerrar a emergência sanitária, Queiroga admitiu que a pandemia não acabou e disse que as ações coordenadas pela pasta devem seguir, apesar da diminuição do número de casos graves e mortes pela doença.
O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, fundador e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), criticou a medida em entrevista ao UOL. Para ele, a decisão foi eleitoreira.
"O momento [da pandemia] não é desesperador, mas jamais seria o caso de decretar o fim da emergência sanitária", disse, alertando para o aumento no número de casos na Ásia e para o avanço de novas variantes.
O período de transição da fase atual até o fim na prática da emergência terá a duração de 30 dias.
O Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), composto pelos secretários estaduais de saúde, havia pedido que a transição durasse 90 dias, o que não foi acatado pelo Ministério.
Em nota enviada na última terça-feira (19) ao UOL, a pasta afirmou que mantinha permanente diálogo com estados e municípios e que nenhuma política pública seria interrompida com a medida. Entretanto, o cenário epidemiológico permitia o encerramento da emergência sanitária, disse o ministério, devido à alta cobertura vacinal e à capacidade de resposta e assistência do SUS.
Eleições
Questionado sobre as eleições, Queiroga disse que a população iria reconhecer, nas urnas, as ações feitas pelo governo federal, inclusive durante a pandemia.
No momento, pesquisas de intenção de voto apontam que Bolsonaro perderia as eleições para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pesquisa Ipespe contratada pela XP Investimentos e divulgada hoje aponta Lula com 45% das intenções de voto na pesquisa estimulada —quando é apresentada a lista de nomes dos pré-candidatos. O presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, aparece em segundo lugar, com 31%.
Queiroga destacou o aumento do orçamento para a saúde durante a crise sanitária, bem como as medidas do governo na economia, como o auxílio emergencial.
Ele também criticou o passaporte vacinal, chamando-o de "vacinação forçada". Para ele, a população se imunizaria ao receber orientação. O próprio presidente Bolsonaro, no entanto, já questionou diversas vezes a vacinação e disse que ainda não se vacinou, apesar de ter imposto sigilo sobre o próprio cartão de vacinação.
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