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Renda de médicos cai 12% em 8 anos; mulheres ganham R$ 13 mil a menos

Cursos de medicina cresceram no Brasil nos últimos anos - Faceres/Divulgação
Cursos de medicina cresceram no Brasil nos últimos anos Imagem: Faceres/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

08/02/2023 09h30

A renda média dos médicos caiu 12% no Brasil entre 2012 e 2020, revela estudo divulgado hoje da Faculdade de Medicina da USP e da AMB (Associação Médica Brasileira).

A pesquisa Demografia Médica no Brasil 2023 também comparou a renda entre os sexos, e descobriu que as médicas têm, em média, renda R$ 13 mil inferior a de seus colegas homens.

Para chegar a essas conclusões, o estudo comparou a renda declarada por médicos brasileiros à Receita Federal e corrigiu os valores pela inflação.

"Em parte", a pesquisa atribui a diminuição da renda no período à "entrada de profissionais mais jovens no mercado de trabalho em função da grande abertura de cursos" de medicina.

As vagas passaram de 12,9 mil (em 2003) para 41,8 mil (em 2022).

A queda nos rendimentos foi maior em 2020, primeiro ano da pandemia.

O menor rendimento no setor privado ocorreu provavelmente pela diminuição ou suspensão da demanda de serviços não essenciais e consultas particulares durante a pandemia
Pesquisa Demografia Médica no Brasil 2023

No setor público, houve "permanência ou aumento de ganhos", que "pode ter relação com abertura de postos de trabalho e serviços adicionais voltados ao atendimento da covid-19".

Mulheres ganham menos

  • Renda média do médico em 2020: R$ 36.421
  • Renda média da médica em 2020: R$ 23.305

A pesquisa mostra ainda que cada vez mais mulheres se formam nas faculdades de medicina: 62% de quem entrou na faculdade em 2020.

A partir do ano que vem, elas devem ser maioria nos consultórios. Apesar disso, a renda declarada por elas equivale a apenas 64% do rendimento dos homens.

"Possivelmente, os rendimentos de origem patrimonial declarados no IR (lucros, juros, aluguéis, etc) acentuam a disparidade de renda entre homens e mulheres", diz a pesquisa.

O que mais diz o estudo?

A pesquisa também estimou o total de médicos atuando no Brasil:

  • O número mais que dobrou de 2000 a 2020: passou de 219,9 mil para 562,2 mil.
  • Nos últimos 13 anos, mais de 250 mil profissionais se formaram.
  • Em 2025, o Brasil deve ter 2,91 médicos para cada mil habitantes.
  • Em 1980, havia 0,94 médico por mil habitantes.

Apesar de mais profissionais no mercado, os médicos continuam mal distribuídos pelo país: as 49 cidades com mais de 500 mil moradores concentram 32% dos habitantes e 62% dos médicos.

A região Norte tem a menor concentração de profissionais para cada mil habitantes:

  • Norte: 1,45
  • Nordeste: 1,93
  • Sul: 2,95
  • Centro Oeste: 3,10
  • Sudeste: 3,39

O Distrito Federal tem a maior concentração de médicos. Os primeiros do ranking são:

  • Distrito Federal: 5,53
  • Rio de Janeiro: 3,77
  • São Paulo: 3,50
  • Santa Catarina: 3,05

O estados com a menor média de médicos são:

  • Pará: 1,18
  • Maranhão: 1,22
  • Amazonas: 1,36
  • Acre: 1,41

Segundo o estudo, a maior oferta de médicos no Brasil com a abertura de cursos proporcionou "maior densidade de profissionais por habitantes", mas "é nítida a persistência da concentração geográfica, sendo necessários mais estudos para acompanhar os efeitos futuros sobre a interiorização ou desconcentração de médicos no país".