Vigilância é questionada e governo fica na defensiva na França
PARIS, 22 Mar 2012 (AFP) -O governo francês estava nesta quinta-feira na defensiva, confrontado com declarações sobre eventuais falhas na vigilância do autor dos atentados em Toulouse e Montauban, Mohamed Merah, que foi aprendiz jihadista no Afeganistão e Paquistão.
"O sobrenome dos irmãos Merah era conhecido pelos serviços de inteligência. Considero que isso levanta verdadeiramente uma questão: por que não houve uma vigilância normal, habitual?", declarou à emissora Europe 1 François Heisbourg, especialista em política internacional e segurança.
Merah, de 23 anos, morreu nesta quinta-feira após uma operação da polícia de Toulouse (sul) depois de 32 horas de cerco. O governo esperava poder capturá-lo vivo.
O jornal regional Le Télégramme citou o testemunho de uma mãe de família moradora de Toulouse, que declarou que havia apresentado duas queixas em 2010 contra Merah, o jovem que reivindicou os sete assassinatos cometidos na região entre 11 e 19 de março.
"Apresentei uma queixa contra Mohamed Merah duas vezes e insisti (perante as autoridades) em muitas ocasiões; em vão", disse a mulher, identificada simplesmente com o nome de Aicha pelo jornal e cujas declarações foram confirmadas por seu advogado.
Segundo ela, Mohamed Merah agrediu em 2010 membros de sua família e obrigou seu filho de 15 anos a assistir a vídeos da Al-Qaeda com cenas insuportáveis, em especial de mulheres sendo executadas com tiros na cabeça e homens degolados.
Pouco antes, Merah apareceu no bairro com um uniforme de combate, com um sabre nas mãos e gritando "Alá Akbar" (Deus é grande), acrescentou a mulher.
Há dois dias, o governo francês vem afirmando que os aprendizes de jihadistas franceses, cujo número é estimado em 15 ou 20, são fortemente vigiados.
Segundo especialistas, este número diminui constantemente, acompanhando a decadência da Al-Qaeda desde a morte de Osama Bin Laden, o que facilitaria logicamente esta vigilância.
"Estão sob controle" e Mohamed Merah "foi interrogado recentemente pelos serviços de inteligência", declarou à emissora Europe 1 o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé.
"Expressar ideias, manifestar opiniões salafistas não basta para que alguém seja levado à justiça", argumentou o ministro do Interior, Claude Guéant, em declarações à rádio RTL.
Ninguém na França afirma que os serviços de inteligência poderiam ter impedido os primeiros assassinatos de militares, um no dia 11 de março e dois no dia 15 de março.
No entanto, são levantadas questões sobre a incapacidade das forças de ordem para identificar rapidamente e neutralizar um homem vigiado antes que cometesse seu terceiro atentado em uma escola judaica, no dia 19 de março, no qual matou quatro pessoas, entre elas três crianças pequenas.
"Os serviços franceses foram formidáveis nos 15 últimos anos em matéria de luta contra o terrorismo. Não houve um único atentado 'bem-sucedido', dito entre aspas, desde 1996", disse Heisbourg.
"Um dia ou outro, um terrorista tinha que passar através da rede e realizar um ataque, mas, é claro, isto não pode justificar eventuais erros de análise, eventuais problemas", disse o especialista.
"Compreendo que possa ser levantada a questão sobre se houve falhas ou não", e, se houve, "é preciso esclarecer isso", comentou Juppé, ressaltando imediatamente à AFP que ele não tem nenhuma razão para pensar que houve tal falha.
"As pessoas que se comprometem com o meio salafista de Toulouse e as que o DCRI (serviço de inteligência interior) seguem muito de perto, como em todo o território, não manifestam propensão ou inclinação ao assassinato. No percurso dos salafistas de Toulouse, como no de Mohamed Merah, nunca apareceu uma tendência criminosa", alegou Gueánt.
"O sobrenome dos irmãos Merah era conhecido pelos serviços de inteligência. Considero que isso levanta verdadeiramente uma questão: por que não houve uma vigilância normal, habitual?", declarou à emissora Europe 1 François Heisbourg, especialista em política internacional e segurança.
Merah, de 23 anos, morreu nesta quinta-feira após uma operação da polícia de Toulouse (sul) depois de 32 horas de cerco. O governo esperava poder capturá-lo vivo.
O jornal regional Le Télégramme citou o testemunho de uma mãe de família moradora de Toulouse, que declarou que havia apresentado duas queixas em 2010 contra Merah, o jovem que reivindicou os sete assassinatos cometidos na região entre 11 e 19 de março.
"Apresentei uma queixa contra Mohamed Merah duas vezes e insisti (perante as autoridades) em muitas ocasiões; em vão", disse a mulher, identificada simplesmente com o nome de Aicha pelo jornal e cujas declarações foram confirmadas por seu advogado.
Segundo ela, Mohamed Merah agrediu em 2010 membros de sua família e obrigou seu filho de 15 anos a assistir a vídeos da Al-Qaeda com cenas insuportáveis, em especial de mulheres sendo executadas com tiros na cabeça e homens degolados.
Pouco antes, Merah apareceu no bairro com um uniforme de combate, com um sabre nas mãos e gritando "Alá Akbar" (Deus é grande), acrescentou a mulher.
Há dois dias, o governo francês vem afirmando que os aprendizes de jihadistas franceses, cujo número é estimado em 15 ou 20, são fortemente vigiados.
Segundo especialistas, este número diminui constantemente, acompanhando a decadência da Al-Qaeda desde a morte de Osama Bin Laden, o que facilitaria logicamente esta vigilância.
"Estão sob controle" e Mohamed Merah "foi interrogado recentemente pelos serviços de inteligência", declarou à emissora Europe 1 o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé.
"Expressar ideias, manifestar opiniões salafistas não basta para que alguém seja levado à justiça", argumentou o ministro do Interior, Claude Guéant, em declarações à rádio RTL.
Ninguém na França afirma que os serviços de inteligência poderiam ter impedido os primeiros assassinatos de militares, um no dia 11 de março e dois no dia 15 de março.
No entanto, são levantadas questões sobre a incapacidade das forças de ordem para identificar rapidamente e neutralizar um homem vigiado antes que cometesse seu terceiro atentado em uma escola judaica, no dia 19 de março, no qual matou quatro pessoas, entre elas três crianças pequenas.
"Os serviços franceses foram formidáveis nos 15 últimos anos em matéria de luta contra o terrorismo. Não houve um único atentado 'bem-sucedido', dito entre aspas, desde 1996", disse Heisbourg.
"Um dia ou outro, um terrorista tinha que passar através da rede e realizar um ataque, mas, é claro, isto não pode justificar eventuais erros de análise, eventuais problemas", disse o especialista.
"Compreendo que possa ser levantada a questão sobre se houve falhas ou não", e, se houve, "é preciso esclarecer isso", comentou Juppé, ressaltando imediatamente à AFP que ele não tem nenhuma razão para pensar que houve tal falha.
"As pessoas que se comprometem com o meio salafista de Toulouse e as que o DCRI (serviço de inteligência interior) seguem muito de perto, como em todo o território, não manifestam propensão ou inclinação ao assassinato. No percurso dos salafistas de Toulouse, como no de Mohamed Merah, nunca apareceu uma tendência criminosa", alegou Gueánt.