O longo caminho para se tornar santo

Em Londres

CIDADE DO VATICANO, 25 Abr 2014 (AFP) - O candidato a santo da Igreja Católica deve percorrer um longo caminho para chegar à glória dos altares: primeiro deve ser servo de Deus, depois beato e finalmente santo.

Anteriormente os santos eram proclamados por "vox populi", ou seja, por aclamação popular. Mas, em seguida, para evitar abusos, a Igreja estabeleceu essas três fases e os bispos assumiram a responsabilidade de iniciar o processo com uma investigação sobre a vida dos candidatos.

A proposta de iniciar uma causa de beatificação, como é chamado o primeiro passo, geralmente ocorre após ao menos cinco anos da morte do candidato.

O bispo da diocese onde o candidato viveu e onde já tem certa "fama de santidade" por seus atos e ações é responsável por cumprir ou fazer cumprir as exigências. Reunir depoimentos de pessoas que o conheceram, consultar os principais aspectos da sua vida, que deve ser exemplar, recolher seus escritos.

Um tribunal diocesano, criado para o caso, avalia as informações e as envia, se o candidato merecer, para o Vaticano, mais precisamente à Congregação para as Causas dos Santos, popularmente conhecida como a "fábrica de santos".



Servo de Deus

Na Congregação, teólogos e especialistas analisam novamente a documentação e após uma reunião de cardeais e bispos, momento em que os casos são discutidos, o Papa pode assinar o chamado "decreto sobre a heroicidade das virtudes do Servo de Deus", o que significa dizer que a Igreja o declara "Servo de Deus".



Beato

Com este decreto as portas para a beatificação são abertas, o segundo passo. Para tanto deve-se comprovar que o servo intercedeu em um milagre quando já falecido, o que deve ser atestado por uma equipe de médicos, teólogos e peritos que trabalham com a Congregação.

O milagre deve ser certificado caso se trate da cura de uma doença, de forma permanente e não cientificamente explicável. Uma vez comprovada pela Igreja esta intervenção póstuma, o candidato pode ser declarado "beato".



Santo

Para ser santo, o Código de Direito Canônico exige a comprovação de um segundo milagre ocorrido após a beatificação.

No caso dos mártires, ou seja, aqueles que morreram em nome da fé, não há a necessidade de qualquer milagre.

Mas, no caso dos dois Papas que serão canonizados em 27 de abril, João Paulo II e João XXIII, por decisão do Papa Francisco e de Bento XVI, respectivamente, o procedimento não atendeu a todas as etapas exigidas pelo Código de Direito Canônico.

De fato, a causa de beatificação de João Paulo II começou antes de se completar cinco anos de sua morte, em grande parte para satisfazer aos milhares de fiéis que no dia do seu funeral clamaram na Praça de São Pedro: "Santo súbito".

Seu sucessor, Bento XVI, autorizou a causa, que teve início em junho de 2005, apenas dois meses depois de sua morte.

A canonização do Beato João XXIII também não seguiu o procedimento normal, uma vez que o chamado "Papa bom" não teve um segundo milagre comprovado para ser declarado santo.

Como é seu direito, o Papa Francisco determinou que havia uma abundância de provas da santidade de João XXIII e que não era necessário esperar um segundo milagre.

A maioria dos procedimentos para a beatificação e canonização duram, em média, de 30 a 50 anos. Alguns até séculos.

De acordo com o livro Martyrologium Romanum, que contém a lista oficial dos santos e beatos da Igreja, quase 10.000 foram proclamados santos.

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