Israel e Hamas respeitam nova trégua em Gaza e negociam no Egito

GAZA, Territórios palestinos, 11 Ago 2014 (AFP) - A trégua de 72 horas em vigor desde a meia-noite entre Israel e o movimento islamita Hamas em Gaza era respeitada nesta segunda-feira, com a expectativa de que as negociações indiretas no Cairo conduzam a um cessar-fogo duradouro.

Horas após o início da trégua, o céu de Gaza permanecia em calma, sem que nenhuma das partes informasse sobre violações do acordo.

A única morte registrada foi a de uma menina de um mês que não resistiu aos ferimentos causados por um bombardeio anterior ao início da trégua.

A vida ressurgia no território palestino de 362 quilômetros quadrados e 1,8 milhão de habitantes, que enfrenta desde 8 de julho uma ofensiva israelense que deixou mais de 2.000 mortos, em sua maioria civis.

O alívio, após outra trégua de 72 horas observada na semana passada, permitia criar expectativas sobre as negociações indiretas no Cairo.

Os mediadores egípcios convocaram as duas partes a aproveitar a trégua, cujos termos são desconhecidos, para alcançar "um cessar-fogo global e permanente".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, "manifestou o forte desejo de que este acordo conceda a ambas as partes, sob a mediação do Egito, uma nova possibilidade de acordar um cessar-fogo duradouro em benefício das populações civis", indicou seu porta-voz.

O ministro israelense para os serviços de inteligência, Yuval Steinitz, afirmou, no entanto, que era preciso ser muito prudente antes de saber se a trégua terá longa duração.

"Agora temos que traduzir nossa vitória militar em uma vitória política, o que quer dizer, em primeiro lugar, que o Hamas não deve obter ganhos políticos e ser recompensado por toda a violência", afirmou Steinitz, ligado ao primeiro-ministro conservador Benjamin Netanyahu.



Negociadores israelenses no Cairo

A delegação israelense retornou nesta segunda-feira ao Cairo para uma nova rodada de negociações indiretas com os palestinos, anunciaram autoridades egípcias e o ministério da Defesa israelense, depois de ter saído na sexta-feira, quando o Hamas rejeitou ampliar a trégua anterior.

A delegação palestina, formada pelo Fatah do presidente palestino Mahmud Abbas, assim como pelo Hamas (que controla Gaza) e seus aliados da Jihad Islâmica, já estava na capital egípcia negociando com os mediadores.

Israel insiste que a segurança de milhares de cidadãos está constantemente ameaçada pelos foguetes palestinos.

O Hamas, por sua vez, condiciona qualquer acordo permanente a que Israel acabe com o bloqueio que mantém há oito anos sobre Gaza.

Os delegados palestinos no Cairo disseram que aceitariam que a Autoridade Palestina assumisse o controle da reconstrução de Gaza e implementasse o acordo que será alcançado no Cairo.



O bloqueio, uma questão primordial

O coordenador das operações humanitárias da ONU no reduto palestino, James Rawley, considerou em uma entrevista à AFP que as exigências israelenses devem ser atendidas, mas advertiu que a guerra voltará a Gaza em alguns meses se Israel não suspender o bloqueio.

Não apenas será possível fazer "pouco para a reconstrução, mas acredito que serão dadas as condições para uma nova onda de violência", declarou à AFP.

A operação "Barreira Protetora", lançada no dia 8 de julho por Israel para deter os disparos de foguetes e destruir a rede de túneis dos islamitas, deixou 1.930 palestinos mortos, segundo os serviços de emergência.

Do lado israelense, 64 soldados e três civis morreram desde 8 de julho.



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