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Isaac deixa um morto e vira tempestade com chuvas que castigam Nova Orleans

Em Nova Orleans

29/08/2012 22h34

O furacão Isaac foi rebaixado esta quarta-feira para tempestade tropical, mas suas fortes chuvas continuam castigando Nova Orleans, enquanto o primeiro morto foi reportado no Estado da Louisiana.

"O Isaac caiu para tempestade tropical, embora ainda haja a possibilidade de (provocar) perigosas cheias e inundações", informou o Centro Nacional de Furacões (CNH, na sigla em inglês) americano, em seu último relatório.

Sete anos depois do devastador furacão Katrina, as autoridades determinaram a evacuação de 3.000 pessoas na localidade de Plaquemines, arredores de Nova Orleans, a zona mais afetada pela tempestade, que ainda causa rajadas de ventos de 113 km/h e chuvas muito fortes, provocando inundações.

Pelo menos uma pessoa morreu na passagem do Isaac pela Louisiana, informou o governador Bob Jindal, citando informes não confirmados. Milhares de pessoas estão sem energia elétrica, enquanto outras foram forçadas a esperar por socorro em tetos e sótãos.

"Ainda há riscos mortais de grandes ondas e inundações terra adentro", advertiu o CNH.

Tornados isolados também podem ocorrer ao longo do litoral do Golfo do México e às margens do rio Misisippi. A tempestade estava 80 km a sudoeste de Nova Orleans e 90 km a sudeste de Baton Rouge, capital do Estado, e se dirigia para o noroeste a 9 km/h. O olho do Isaac deverá passar pelo interior da Louisiana entre quarta e quinta-feira, antes de chegar ao sul do estado do Arkansas, na manhã de sexta.

O governo está fazendo "tudo o possível" para ajudar as vítimas da tempestade, afirmou nesta quarta o presidente Barack Obama, que está em plena campanha na cidade de Charlottesville, Virgínia (leste). "Nossos pensamentos estão com vocês", disse.

O candidato republicano à Casa Branca, Mitt Romney, declarou que seus "pensamentos" estavam "com as pessoas dos Estados (ribeirinhos) do Golfo" do México varridos pelo Isaac. "Aprecio vosso convite a um ato em terras secas", afirmou Romney, em discurso proferido em Indiana (norte), aonde o candidato chegou vindo de Tampa (Flórida, sudeste), onde se realiza a convenção do seu partido.

Segundo as primeiras estimativas do simulador de desastres Eqecat, o Isaac poderá causar perdas da ordem de US$ 2,5 bilhões em terra e na costa de Louisiana e arredores. As cifras podem aumentar à medida que chegarem mais informações, mas os danos causados pelo Isaac não chegariam perto dos US$ 125 bilhões de perdas na passagem do furacão Katrina, que devastou a costa americana do Golfo do México em 2005.

O serviço de meteorologia reportou um aumento do nível do mar de três metros em algumas regiões da Louisiana e advertiu que as fortes chuvas poderiam provocar "inundações significativas em áreas baixas" deste estado, o sul do Mississippi e o sudoeste do Alabama.

Na Louisiana, o Isaac, que na terça-feira era um furacão de categoria 1, chegou acompanhado de chuvas torrenciais e ventos fortes. Em Nova Orleans, aonde ainda não chegou o olho da tempestade, foram registradas rajadas de vento superiores a 110 km/h perto do aeroporto, causando o cancelamento de todos os voos previstos para terça e quarta.

O nível das águas subiu repentinamente até 3,6 metros em algumas casas de um setor residencial, disse à CNN Billy Nungesser, presidente do condado.

Mais de 512 mil lares sem eletricidade

Após o rompimento de linhas elétricas provocada pelo vento, mais de 512 mil lares na Louisiana estavam sem energia na manhã desta quarta-feira, informou a companhia Entergy Louisiana.

As autoridades se mostram otimistas, assegurando que desta vez Nova Orleans escapará do pior graças aos bilhões de dólares usados no reforço dos diques e nos sistemas de bombeamento nos últimos sete anos.

O sistema anti-inundação construído em torno de Nova Orleans após a passagem do Katrina, com 560 km de diques com paredes corrediças contra as cheias e 78 estações de bombeamento, se revelou resistente, assegurou esta quarta-feira o corpo de engenharia do exército.

"Isto nos traz lembranças", afirmou Melody Barkum, de 56 anos, que passou vários dias ilhada em um teto à espera da chegada dos socorristas após a passagem do Katrina, que inundou 80% da cidade. "Se sobrevivi ao Katrina, posso sobreviver a isto", disse à AFP.

Mais de 33.500 membros da Guarda Nacional e cerca de 100 aviões e helicópteros estão prontos para intervir nos quatro Estados ameaçados pelo furacão: Flórida, Alabama, Mississippi e Lousiana. Na Louisiana, mais de 4.000 membros da Guarda Nacional estavam mobilizados e 48 equipes de socorro com botes, prontas para ajudar os afetados.