'Rússia está sozinha', diz Obama em encontro com líderes da UE

BRUXELAS, 26 Mar 2014 (AFP) - O presidente americano, Barack Obama, declarou que a Rússia está sozinha na crise da Ucrânia, ao realizar sua primeira visita nesta quarta-feira à sede da União Europeia, consolidando a oposição ocidental à anexação da Crimeia.

Resumindo um encontro de 90 minutos com funcionários do alto escalão da União Europeia, realizado durante um almoço, Obama declarou que "o mundo é mais seguro e mais justo quando a Europa e os Estados Unidos estão unidos".

"As ações da Rússia na Ucrânia não são apenas sobre um país. Elas são sobre o tipo de Europa e o tipo de mundo em que vivemos", afirmou em uma coletiva de imprensa.

Encarada como a viagem mais importante para a Europa feita por um presidente americano em anos devido à crise da Crimeia, esta foi a primeira reunião de Obama em Bruxelas com funcionários de alto escalão da UE, os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, José Manuel Barroso e Herman Van Rompuy, respectivamente.

Tanto os 28 países da UE quanto os 28 membros da Otan permaneceram determinados em defender os princípios de soberania e integridade territorial, disse Obama.

Já a Rússia está cada vez mais sozinha no cenário internacional e avaliou errado ao pensar que poderia provocar uma divisão entre Washington e Bruxelas, disse.

O líder americano também declarou que os acontecimentos na Ucrânia destacaram a dependência da Europa em relação à Rússia no que diz respeito à energia e ressaltou a necessidade de as nações europeias diversificarem suas fontes de energia, principalmente com gás natural proveniente dos Estados Unidos.

Discutindo temas que iam da Síria ao Irã, assim como a política climática e o comércio, Obama e seus anfitriões tiveram como entrada em seu almoço canelone de caranguejo com manga e maçã verde.

O prato principal consistia em rodovalho com ervilha e mousseline de shitake seguido por bolo de chocolate.

Obama, que mais tarde se reunirá em Bruxelas com o chefe da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou ter "algumas inquietações pela redução do nível de gastos no setor da defesa" de alguns países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"A situação na Ucrânia nos lembra que a liberdade não é gratuita, tem um preço", indicou. "Devemos pagar" por nossa segurança para garantir uma força dissuasiva, disse.

A parcela de gastos da Otan assumida por Washington aumentou cinco pontos percentuais, a 73%, entre 2007 e 2013.

Obama, que foi a Bruxelas após uma cúpula de segurança nuclear em Haia, permanecerá na capital da UE por menos de 24 horas, antes de viajar para a Itália, sua próxima parada em um giro de seis dias pela Europa.



Acordo comercial gigantesco

Enquanto isso, o comandante do Estado-Maior das tropas russas, Valeri Guerasimov, declarou em Moscou que as bandeiras russas estão hasteadas em todas as unidades militares da península da Crimeia.

No entanto, na capital da Ucrânia o presidente interino, Oleksander Turchynov, aumentou ainda mais as tensões, pedindo a aprovação parlamentar para um conjunto de exercícios militares com seus parceiros da Otan que colocaria as tropas americanas em proximidade direta com as forças russas na península anexada.

Enquanto o Kremlin classificou as sanções de contraproducentes, o Banco Mundial alertou nesta quarta-feira que a economia russa poderá encolher até 1,8% neste ano devido aos efeitos da crise na Ucrânia.

Uma das principais mensagens de Obama para sua viagem à Europa é que Washington está a postos para garantir a segurança de seus parceiros da Otan, incluindo os Estados pós-Soviéticos que aderiram à Aliança.

E num momento em que a economia mundial se recupera lentamente, Bruxelas e Washington também prometeram novos esforços para criar a maior zona de livre comércio do mundo, um movimento que pode, potencialmente, encorajar um enorme crescimento e criar empregos.

Uma quarta rodada de negociações para concluir a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TIPT, em inglês) terminou há duas semanas em Bruxelas com os negociadores alegando progressos, mas nenhum grande avanço.

Funcionários de Obama e da UE também discutiram a polêmica sobre as revelações feitas pelo ex-consultor da inteligência americana Edward Snowden sobre a espionagem de celulares europeus realizada pelos Estados Unidos.

Obama prometeu realizar uma reforma na política de coleta de dados levada adiante pelas agências de inteligência americanas.

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