Sucessão de Hugo Chávez

Eleitores de Capriles confiam na vitória

Em Barquisimeto, na Venezuela

"Se não for agora, não será nunca", afirma o mecânico Jorge Fonseca, de 50 anos, junto com milhares de venezuelanos que participaram nesta quinta-feira do encerramento da campanha de Henrique Capriles, candidato da oposição à presidência da Venezuela.

"É o momento de mudar a Venezuela. Quero poder sair para comprar farinha e saber que vou encontrar. Quero poder sair na rua tranquilo e sem medo de que me matem", diz Fonseca à AFP, durante o comício de Capriles em Barquisimeto (noroeste).

Esse colombiano de nascimento, nacionalizado venezuelano há 37 anos, acredita que seu candidato teve, com esse novo pleito, "uma segunda oportunidade para mudar o país", após ter sido derrotado por Chávez na eleição de outubro, com 11 pontos de diferença. Vestido com as cores da Venezuela e com um gorro tricolor, igual ao popularizado por Capriles na recente campanha presidencial, Jorge Fonseca tem certeza da vitória.

Em um ambiente de festa, ao som do salseiro Willy Colón e dos ataques ao candidato chavista, Nicolás Maduro, milhares de opositores se mostravam bastante confiantes na mudança.

"O tempo de Deus é perfeito" e "Chegou a hora" eram alguns dos slogans nos cartazes carregados pelos eleitores.

"Capriles está muito mais confiante do que na outra campanha. Tem mais experiência do que Maduro, mais contato com o povo, porque foi deputado, prefeito e governador. Além disso, nesta campanha, foi muito mais forte e desafiador, e isso motiva mais gente a votar nele", comentou Bianca Vargas, uma aposentada de 77 anos.

"Quero segurança para que minhas netas possam crescer em paz, estudar e trabalhar tranquilas", completou Bianca, lembrando que seu genro foi sequestrado há poucos meses.

Em 2012, foram registrados cerca de 16 mil homicídios na Venezuela, um dos índices mais altos do mundo.

Bianca, que esperou por mais de cinco horas sob o sol para ouvir o discurso do representante da oposição, também se sente atraída pela proposta de "não dar mais o petróleo dos venezuelanos (para os países estrangeiros), enquanto aqui falta luz todos os dias, ou enquanto for tão difícil encontrar alimentos no mercado".

"Se vê, se sente, Capriles presidente", entoa a multidão multicolorida, da qual também emergem cartazes com a imagem de Nicolás Maduro com orelhas de burro, ou nariz grande de mentiroso.

"O destino acertou tudo. Há uma segunda oportunidade para ir votar e, desta vez, vamos ganhar", acredita o estudante Carlos Pereira, de 31, simpatizante do programa de Capriles por sua plataforma contra a insegurança e a inflação.

"Com Chávez, sabíamos que era difícil ganhar, mas agora há chance. Capriles propõe construir, dar liberdade para as pessoas investirem, trabalharem e viverem em paz. O governo soube apenas destruir e, além disso, Maduro não tem o magnetismo de Chávez", acrescenta o jovem.

Em Apure, antes de partir para Barquisimeto, Capriles afirmou que "o país precisa de uma mudança já, isto não dá mais". "Eu não vou eliminar nada que signifique um benefício para o nosso povo, o que vou eliminar é a corrupção deste grupinho de oportunistas. Não sou a oposição, sou a solução".

Segundo pesquisa do instituto Datanálisis publicada nesta quinta-feira, Maduro tem 9,7 pontos de vantagem sobre Capriles, com 54,8% das intenções de voto, contra 45,1%.

Em 18 de março, outra pesquisa Datanálisis dava vantagem de 14,4 pontos para Maduro, com 49,2% contra 34,8% para Capriles.

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