Jihadistas iraquianos se aproximam de Bagdá e curdos controlam Kirkuk
BAGDA, 12 Jun 2014 (AFP) - Os jihadistas estão a menos de 100 km de Bagdá, depois de terem tomado nesta semana o controle da segunda maior cidade do Iraque e de outras zonas no norte do país, informaram nesta quinta-feira várias fontes.
Temendo um ataque contra Kirkuk, as forças curdas aproveitaram a situação para assumir o controle desta cidade rica em petróleo, reivindicada pela região autônoma do Curdistão.
Na terça-feira, os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) se apoderaram no norte do país de Mossul, segunda maior cidade do Iraque, de sua província, Nínive, e de partes de duas províncias próximas, Kirkuk e Saladino, de maioria sunita.
Diante da impotência do Exército nacional, os Estados Unidos não descartam dar apoio ao governo iraquiano, inclusive militar, enquanto o Conselho de Segurança da ONU deve discutir a questão a partir das 15h30 GMT (12h30 de Brasília).
Em Londres, o ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, admitiu que as forças de segurança "afundaram" em Mossul. Mas que o governo "está tentando (...) expulsar esses terroristas das principais cidades", declarou.
O Exército iraquiano efetuou nesta quinta-feira ataques aéreos contra posições controladas pelos jihadistas no centro da cidade de Tikrit, capital de Saladino, tomada na quarta-feira pelos insurgentes.
Em uma gravação, um dos líderes do EIIL, Abu Mohammed al-Adnani, pediu que os insurgentes "sigam para Bagdá".
Os rebeldes já se apoderaram da cidade de Dhuluiya, 90 km ao norte de Bagdá, de acordo com um coronel da polícia e vários habitantes contactados por telefone pela AFP.
Um morador contou à AFP que homens armados percorriam as ruas e que não havia sinal das forças governamentais em sua região.
Antes de chegar à cidade, os insurgentes tentaram tomar Samarra, mas os militares iraquianos conseguiram impedir o avanço.
Já o Parlamento iraquiano não pôde realizar a sessão desta quinta por falta de quórum. Os parlamentares ainda devem se reunir a pedido do governo do xiita Nuri al-Maliki para examinar a possível instauração de um estado de emergência.
Kirkuk sob controle curdo
Maliki pediu na quarta-feira que todas as tribos forneçam apoio militar ao Exército e à Polícia e "formem unidades de voluntários para ajudá-los" em sua luta contra os jihadistas.
Nesta quinta, as forças curdas iraquianas tomaram o controle da cidade petroleira de Kirkuk para protegê-la de um possível ataque dos jihadistas.
É a primeira vez que as forças curdas controlam totalmente essa cidade multiétnica situada 240 km ao norte de Bagdá, onde uma polícia com integrantes árabes, curdos e turcomanos fica geralmente encarregada da segurança.
"Mobilizamos nossas forças ao redor da cidade de Kirkuk e agora controlamos toda a cidade", disse à AFP o coronel Fateh Rauf, combatente da primeira brigada dos peshmergas (forças de segurança curdas).
Também garantiu que "não permitirão a entrada em Kirkuk de nenhum membro do EIIL".
O governador da província de Kirkuk, Najmedin Omar Karim, disse que os "peshmergas haviam preenchido o vazio deixado pela retirada do Exército iraquiano de suas posições", nas fronteiras sul e oeste da cidade, e que está em "contato permanente com Bagdá".
Pouco depois, o ministro encarregado dos peshmergas escapou de um atentado contra sua comitiva na província de Kirkuk.
Fracasso americano
Os Estados Unidos prometeram na quarta-feira ajudar o Iraque, inclusive com força militar, diante de uma ofensiva de radicais islâmicos que pôs em xeque o Exército criado e equipado por Washington, dois anos e meio depois da saída das tropas americanas do país.
Mas Washington e Londres descartaram o envio de tropas ao país, assim como a Otan.
Ainda assim o presidente Barack Obama afirmou nesta quinta-feira que sua equipe está estudando todas as opções frente à onda de violência no Iraque e ao avanço de combatentes jihadistas em direção à capital.
"O Iraque vai precisar de mais ajuda dos Estados Unidos e da comunidade internacional. Nossa equipe de segurança nacional estuda todas as opções. Não descarto nada", afirmou.
A Rússia aproveitou para destacar que o avanço dos rebeldes islamitas no Iraque ameaça o país e ilustra o fracasso total da intervenção militar americana e britânica.
"O que está acontecendo no Iraque reflete o fracasso total da aventura empreendida, principalmente, por Estados Unidos e Reino Unido, e da qual perderam o controle definitivamente", declarou o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, citado pela agência Itar-Tass.
O EIIL, que pretende criar um Estado islâmico, tem o apoio de tribos contrárias ao governo e é bem visto por parte da minoria sunita, que se sente marginalizada pelo poder xiita.
Riad Kahwaji, diretor do Instituto para Oriente Médio e Golfo (Enigma), considera que pelo menos 10 mil jihadistas estejam no norte do Iraque.
Com base no oeste do Iraque, o EIIL se infiltrou na vizinha Síria através da frágil fronteira entre os dois países, onde agora luta contra outros grupos rebeldes que o acusam de abusos. Ele detém amplos setores da província petrolífera síria de Deir Ezzor (nordeste), aumentando os temores de uma união territorial com o noroeste do Iraque.
As tropas iraquianas, formadas pelos Estados Unidos a partir do zero após a dissolução do Exército de Saddam Hussein, não conseguiram se tornar uma verdadeira força, e o Exército é incapaz de impedir os ataques no país.
bur-mah/tp/pop-dmc/cn/mr/dm
Temendo um ataque contra Kirkuk, as forças curdas aproveitaram a situação para assumir o controle desta cidade rica em petróleo, reivindicada pela região autônoma do Curdistão.
Na terça-feira, os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) se apoderaram no norte do país de Mossul, segunda maior cidade do Iraque, de sua província, Nínive, e de partes de duas províncias próximas, Kirkuk e Saladino, de maioria sunita.
Diante da impotência do Exército nacional, os Estados Unidos não descartam dar apoio ao governo iraquiano, inclusive militar, enquanto o Conselho de Segurança da ONU deve discutir a questão a partir das 15h30 GMT (12h30 de Brasília).
Em Londres, o ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, admitiu que as forças de segurança "afundaram" em Mossul. Mas que o governo "está tentando (...) expulsar esses terroristas das principais cidades", declarou.
O Exército iraquiano efetuou nesta quinta-feira ataques aéreos contra posições controladas pelos jihadistas no centro da cidade de Tikrit, capital de Saladino, tomada na quarta-feira pelos insurgentes.
Em uma gravação, um dos líderes do EIIL, Abu Mohammed al-Adnani, pediu que os insurgentes "sigam para Bagdá".
Os rebeldes já se apoderaram da cidade de Dhuluiya, 90 km ao norte de Bagdá, de acordo com um coronel da polícia e vários habitantes contactados por telefone pela AFP.
Um morador contou à AFP que homens armados percorriam as ruas e que não havia sinal das forças governamentais em sua região.
Antes de chegar à cidade, os insurgentes tentaram tomar Samarra, mas os militares iraquianos conseguiram impedir o avanço.
Já o Parlamento iraquiano não pôde realizar a sessão desta quinta por falta de quórum. Os parlamentares ainda devem se reunir a pedido do governo do xiita Nuri al-Maliki para examinar a possível instauração de um estado de emergência.
Kirkuk sob controle curdo
Maliki pediu na quarta-feira que todas as tribos forneçam apoio militar ao Exército e à Polícia e "formem unidades de voluntários para ajudá-los" em sua luta contra os jihadistas.
Nesta quinta, as forças curdas iraquianas tomaram o controle da cidade petroleira de Kirkuk para protegê-la de um possível ataque dos jihadistas.
É a primeira vez que as forças curdas controlam totalmente essa cidade multiétnica situada 240 km ao norte de Bagdá, onde uma polícia com integrantes árabes, curdos e turcomanos fica geralmente encarregada da segurança.
"Mobilizamos nossas forças ao redor da cidade de Kirkuk e agora controlamos toda a cidade", disse à AFP o coronel Fateh Rauf, combatente da primeira brigada dos peshmergas (forças de segurança curdas).
Também garantiu que "não permitirão a entrada em Kirkuk de nenhum membro do EIIL".
O governador da província de Kirkuk, Najmedin Omar Karim, disse que os "peshmergas haviam preenchido o vazio deixado pela retirada do Exército iraquiano de suas posições", nas fronteiras sul e oeste da cidade, e que está em "contato permanente com Bagdá".
Pouco depois, o ministro encarregado dos peshmergas escapou de um atentado contra sua comitiva na província de Kirkuk.
Fracasso americano
Os Estados Unidos prometeram na quarta-feira ajudar o Iraque, inclusive com força militar, diante de uma ofensiva de radicais islâmicos que pôs em xeque o Exército criado e equipado por Washington, dois anos e meio depois da saída das tropas americanas do país.
Mas Washington e Londres descartaram o envio de tropas ao país, assim como a Otan.
Ainda assim o presidente Barack Obama afirmou nesta quinta-feira que sua equipe está estudando todas as opções frente à onda de violência no Iraque e ao avanço de combatentes jihadistas em direção à capital.
"O Iraque vai precisar de mais ajuda dos Estados Unidos e da comunidade internacional. Nossa equipe de segurança nacional estuda todas as opções. Não descarto nada", afirmou.
A Rússia aproveitou para destacar que o avanço dos rebeldes islamitas no Iraque ameaça o país e ilustra o fracasso total da intervenção militar americana e britânica.
"O que está acontecendo no Iraque reflete o fracasso total da aventura empreendida, principalmente, por Estados Unidos e Reino Unido, e da qual perderam o controle definitivamente", declarou o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, citado pela agência Itar-Tass.
O EIIL, que pretende criar um Estado islâmico, tem o apoio de tribos contrárias ao governo e é bem visto por parte da minoria sunita, que se sente marginalizada pelo poder xiita.
Riad Kahwaji, diretor do Instituto para Oriente Médio e Golfo (Enigma), considera que pelo menos 10 mil jihadistas estejam no norte do Iraque.
Com base no oeste do Iraque, o EIIL se infiltrou na vizinha Síria através da frágil fronteira entre os dois países, onde agora luta contra outros grupos rebeldes que o acusam de abusos. Ele detém amplos setores da província petrolífera síria de Deir Ezzor (nordeste), aumentando os temores de uma união territorial com o noroeste do Iraque.
As tropas iraquianas, formadas pelos Estados Unidos a partir do zero após a dissolução do Exército de Saddam Hussein, não conseguiram se tornar uma verdadeira força, e o Exército é incapaz de impedir os ataques no país.
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