Caracas vive mais um dia de protestos
CARACAS, 28 Fev 2014 (AFP) - Milhares de pessoas foram dispersadas pela polícia nesta quinta-feira, no leste de Caracas, durante uma manifestação contra a repressão do governo aos protestos na Venezuela, enquanto os 'chavistas' se reuniam em outro ponto da capital para recordar os 25 anos da revolta popular conhecida como "Caracaço".
Após um protesto pacífico sob o lema "Nem mais um morto", que reuniu milhares de pessoas em El Rosal, no leste da capital, ao menos 200 manifestantes bloquearam as ruas da vizinha região de Las Mercedes e atiraram pedras contra a polícia de choque, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.
O prefeito do município de Baruta (região de Las Mercedes), Gerardo Blyde, escreveu no Twitter que após os confrontos os serviços de saúde "atenderam 20 pessoas, algumas intoxicadas (por gases) e outras contundidas na correria".
Na região da Praça Altamira, situada no município de Chacao, também ocorreram incidentes quando centenas de estudantes tentaram fechar a avenida que atravessa Caracas de leste a oeste e foram reprimidos pelas forças da ordem.
O prefeito de Chacao, Ramón Muchacho, confirmou no Twitter que a polícia utilizou várias bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes em Altamira, sem revelar se há vítimas.
No oeste da capital, milhares de chavistas participaram de uma homenagem aos mortos na revolta popular conhecida como Caracaço, há 25 anos. O presidente Nicolás Maduro, que deveria liderar o protesto, não compareceu.
Segundo números oficiais, 300 pessoas morreram durante o Caracaço, mas investigadores independentes apontam cerca de 2 mil falecidos nos distúrbios ocorridos entre 27 de fevereiro e 8 de março de 1989 contra um pacote econômico adotado pelo então presidente, o social democrata Carlos Andrés Pérez.
Há três semanas, a Venezuela é sacudida por uma onda de protestos, iniciados no dia 4 de fevereiro, em San Cristóbal, estado de Táchira, após uma tentativa de assalto e estupro contra uma estudante.
De San Cristóbal, os protestos se alastraram para o resto do país devido à crise econômica, ao desabastecimento e a insegurança, sacudindo principalmente as cidades de Caracas, Valencia, Mérida e Maracay.
As manifestações e sua repressão já deixaram 14 mortos, 140 feridos e 600 detidos, em todo o país.
O presidente Nicolás Maduro afirma que os protestos são um "golpe de Estado em andamento" e determinou a prisão de Leopoldo López, líder do partido opositor Vontade Popular, acusado de promover a violência.
Nesta quinta-feira, a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra outro líder da Vontade Popular, Carlos Vecchio, por incitar à violência.
Vecchio, coordenador político nacional da Vontade Popular, é procurado pela Direção Geral de Contra Inteligência Militar (DGCIM) por suspeita de "incêndio intencional, instigação pública, danos e associação ilícita".
Leopoldo López, integrante da ala radical da Mesa da Unidade Democrática (MUD), se entregou à Justiça no dia 18 de fevereiro, durante um enorme protesto no centro de Caracas, e desde então está na prisão militar de Ramo Verde, no subúrbio da capital.
Exigindo a saída de Nicolás Maduro, López convocou o protesto estudantil de 12 de fevereiro, quando manifestantes enfrentaram grupos armados ilegais e as forças da ordem, em incidentes que deixaram dois mortos, dezenas de feridos e vários detidos.
Nesta quinta-feira, os Estados Unidos denunciaram o governo Maduro por "continuar agindo para impedir a liberdade de expressão e restringir a liberdade de imprensa".
Na Venezuela, o Poder Executivo mantém um "controle significativo" sobre os outros poderes do Estado, em especial o Judiciário, e "promove julgamentos contra grupos críticos ao governo", afirma Washington.
Segundo o secretário americano de Estado, John Kerry, o governo do presidente Nicolás Maduro "tem confrontado manifestantes pacíficos, mobilizando civis armados".
O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reagiu afirmando que "falta um mínimo de seriedade na posição do governo dos Estados Unidos em relação à Venezuela".
"Parece pouco sério que alguém diga um dia que quer ter boas relações, que é preciso superar agora uma etapa de tensões que durou muito e que, no dia seguinte, diga e estimule os protestos violentos que estão acontecendo nesse país contra um governo democrático, legítimo como o do presidente Maduro", atacou Jaua.
Na quarta, o secretário americano havia dito que os Estados Unidos estão "preparados" para uma mudança nas relações com a Venezuela, mas antecipou que não aceitará acusações, depois que Caracas designou um embaixador em Washington como sinal de disposição para aparar arestas.
Maduro instalou na véspera um diálogo nacional de paz, na tentativa de responder a três semanas de protestos nas ruas. Apesar da ausência da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), o encontro contou com a presença de empresários e de outros representantes sociais e religiosos.
gfe/cd/tt/lr.
Após um protesto pacífico sob o lema "Nem mais um morto", que reuniu milhares de pessoas em El Rosal, no leste da capital, ao menos 200 manifestantes bloquearam as ruas da vizinha região de Las Mercedes e atiraram pedras contra a polícia de choque, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.
O prefeito do município de Baruta (região de Las Mercedes), Gerardo Blyde, escreveu no Twitter que após os confrontos os serviços de saúde "atenderam 20 pessoas, algumas intoxicadas (por gases) e outras contundidas na correria".
Na região da Praça Altamira, situada no município de Chacao, também ocorreram incidentes quando centenas de estudantes tentaram fechar a avenida que atravessa Caracas de leste a oeste e foram reprimidos pelas forças da ordem.
O prefeito de Chacao, Ramón Muchacho, confirmou no Twitter que a polícia utilizou várias bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes em Altamira, sem revelar se há vítimas.
No oeste da capital, milhares de chavistas participaram de uma homenagem aos mortos na revolta popular conhecida como Caracaço, há 25 anos. O presidente Nicolás Maduro, que deveria liderar o protesto, não compareceu.
Segundo números oficiais, 300 pessoas morreram durante o Caracaço, mas investigadores independentes apontam cerca de 2 mil falecidos nos distúrbios ocorridos entre 27 de fevereiro e 8 de março de 1989 contra um pacote econômico adotado pelo então presidente, o social democrata Carlos Andrés Pérez.
Há três semanas, a Venezuela é sacudida por uma onda de protestos, iniciados no dia 4 de fevereiro, em San Cristóbal, estado de Táchira, após uma tentativa de assalto e estupro contra uma estudante.
De San Cristóbal, os protestos se alastraram para o resto do país devido à crise econômica, ao desabastecimento e a insegurança, sacudindo principalmente as cidades de Caracas, Valencia, Mérida e Maracay.
As manifestações e sua repressão já deixaram 14 mortos, 140 feridos e 600 detidos, em todo o país.
O presidente Nicolás Maduro afirma que os protestos são um "golpe de Estado em andamento" e determinou a prisão de Leopoldo López, líder do partido opositor Vontade Popular, acusado de promover a violência.
Nesta quinta-feira, a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra outro líder da Vontade Popular, Carlos Vecchio, por incitar à violência.
Vecchio, coordenador político nacional da Vontade Popular, é procurado pela Direção Geral de Contra Inteligência Militar (DGCIM) por suspeita de "incêndio intencional, instigação pública, danos e associação ilícita".
Leopoldo López, integrante da ala radical da Mesa da Unidade Democrática (MUD), se entregou à Justiça no dia 18 de fevereiro, durante um enorme protesto no centro de Caracas, e desde então está na prisão militar de Ramo Verde, no subúrbio da capital.
Exigindo a saída de Nicolás Maduro, López convocou o protesto estudantil de 12 de fevereiro, quando manifestantes enfrentaram grupos armados ilegais e as forças da ordem, em incidentes que deixaram dois mortos, dezenas de feridos e vários detidos.
Nesta quinta-feira, os Estados Unidos denunciaram o governo Maduro por "continuar agindo para impedir a liberdade de expressão e restringir a liberdade de imprensa".
Na Venezuela, o Poder Executivo mantém um "controle significativo" sobre os outros poderes do Estado, em especial o Judiciário, e "promove julgamentos contra grupos críticos ao governo", afirma Washington.
Segundo o secretário americano de Estado, John Kerry, o governo do presidente Nicolás Maduro "tem confrontado manifestantes pacíficos, mobilizando civis armados".
O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reagiu afirmando que "falta um mínimo de seriedade na posição do governo dos Estados Unidos em relação à Venezuela".
"Parece pouco sério que alguém diga um dia que quer ter boas relações, que é preciso superar agora uma etapa de tensões que durou muito e que, no dia seguinte, diga e estimule os protestos violentos que estão acontecendo nesse país contra um governo democrático, legítimo como o do presidente Maduro", atacou Jaua.
Na quarta, o secretário americano havia dito que os Estados Unidos estão "preparados" para uma mudança nas relações com a Venezuela, mas antecipou que não aceitará acusações, depois que Caracas designou um embaixador em Washington como sinal de disposição para aparar arestas.
Maduro instalou na véspera um diálogo nacional de paz, na tentativa de responder a três semanas de protestos nas ruas. Apesar da ausência da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), o encontro contou com a presença de empresários e de outros representantes sociais e religiosos.
gfe/cd/tt/lr.