Para 65% dos brasileiros, mulheres que mostram o corpo merecem ser atacadas
RIO DE JANEIRO, 29 Mar 2014 (AFP) - Parece incrível, mas no país do carnaval e do biquíni diminuto 65,1% da população concorda que a mulher que mostra o corpo merece ser estuprada.
É o que mostra um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última quinta-feira. Para a pesquisa, foram entrevistadas 3.810 pessoas de ambos os sexos.
Perguntados se concordavam, ou não, com a afirmativa "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", 65,1% respondeu que sim, total ou parcialmente.
Surpreendente também foi a resposta positiva de 58,5% dos entrevistados à proposição "se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros".
Na conclusão do estudo, o Ipea destaca que a responsabilidade pela violência sexual continua sendo atribuída às mulheres. "A maioria [...] continua a considerar as próprias mulheres responsáveis, seja por usarem roupas provocantes, seja por não se comportarem 'adequadamente'".
Reação imediata Minutos após a divulgação dos resultados da pesquisa, os sites de redes sociais já mostravam reações imediatas de muitos usuários.
O maior ato organizado foi o protesto online "Eu não mereço ser estuprada". Criado pela jornalista Nana Queiroz, o evento realizado via Facebook, convidou as mulheres a se despirem e se fotografarem mostrando a frase que batizou a iniciativa.
Com mais de 20 mil pessoas confirmadas na página do evento, o protesto ocorreu às 20H00, horário em que as fotos foram postadas simultaneamente.
"A intenção é tocar as mulheres para que elas se inspirem pela coragem das amigas e ter uma nova relação com seus corpos", explicou à AFP Nana Queiroz, 28 anos.
Ela disse não ter se surpreendido com os resultados da pesquisa, e nota o contrassenso no comportamento dos brasileiros. Afinal, é permitido ficar nua no carnaval - mas não na vida real.
"Na rua, sofro maus tratos por andar de short de ciclismo na minha bicicleta e muito desrespeito", contou a jornalista, que narra uma rotina de agressões verbais e garantiu ter recebido várias ameaças de estupro durante o protesto online.
Os resultados da pesquisa também causaram indignação na presidente Dilma Rousseff. Por meio de sua conta no Twitter, a chefe de Estado escreveu, nesta sexta-feira, que "a sociedade brasileira tem muito o que avançar".
mm-/mr
É o que mostra um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última quinta-feira. Para a pesquisa, foram entrevistadas 3.810 pessoas de ambos os sexos.
Perguntados se concordavam, ou não, com a afirmativa "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", 65,1% respondeu que sim, total ou parcialmente.
Surpreendente também foi a resposta positiva de 58,5% dos entrevistados à proposição "se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros".
Na conclusão do estudo, o Ipea destaca que a responsabilidade pela violência sexual continua sendo atribuída às mulheres. "A maioria [...] continua a considerar as próprias mulheres responsáveis, seja por usarem roupas provocantes, seja por não se comportarem 'adequadamente'".
Reação imediata Minutos após a divulgação dos resultados da pesquisa, os sites de redes sociais já mostravam reações imediatas de muitos usuários.
O maior ato organizado foi o protesto online "Eu não mereço ser estuprada". Criado pela jornalista Nana Queiroz, o evento realizado via Facebook, convidou as mulheres a se despirem e se fotografarem mostrando a frase que batizou a iniciativa.
Com mais de 20 mil pessoas confirmadas na página do evento, o protesto ocorreu às 20H00, horário em que as fotos foram postadas simultaneamente.
"A intenção é tocar as mulheres para que elas se inspirem pela coragem das amigas e ter uma nova relação com seus corpos", explicou à AFP Nana Queiroz, 28 anos.
Ela disse não ter se surpreendido com os resultados da pesquisa, e nota o contrassenso no comportamento dos brasileiros. Afinal, é permitido ficar nua no carnaval - mas não na vida real.
"Na rua, sofro maus tratos por andar de short de ciclismo na minha bicicleta e muito desrespeito", contou a jornalista, que narra uma rotina de agressões verbais e garantiu ter recebido várias ameaças de estupro durante o protesto online.
Os resultados da pesquisa também causaram indignação na presidente Dilma Rousseff. Por meio de sua conta no Twitter, a chefe de Estado escreveu, nesta sexta-feira, que "a sociedade brasileira tem muito o que avançar".
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