Selo do século XIX bate recorde ao ser leiloado por US$ 9,5 milhões
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Stan Honda/AFP
O selo One-Cent Magenta da Guiana Britânica, descrito como o selo mais famoso do mundo, bateu recorde em leilão na Sotheby's em Nova York. Só existe um exemplar do tipo, que foi impresso em 1856. O lance vencedor foi de US$ 9,5 milhões
Um minúsculo selo octogonal do século XIX, o One-Cent Magenta, pertencente à ex-colônia britânica da Guiana, foi leiloado nesta terça-feira (17), em Nova York, por US$ 9,5 milhões - um novo recorde mundial.
Os lances partiram de US$ 4,5 milhões, e levou apenas dois minutos para que o objeto fosse vendido para um comprador anônimo que participou por telefone, informou o diretor da Projetos Especiais da Sotheby's, David Redden.
Exemplar único deste selo de um centavo, a Sotheby's estimou seu valor entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões.
O recorde precedente data de 1996, quando um selo sueco de 1955, o "Tre Skilling", foi vendido por US$ 2,2 milhões, acrescentou a Sotheby's.
De 2,54 centímetros por 3,18, o selo está impresso em preto sobre um fundo vermelho-magenta e apresenta o desenho de um barco e o lema da antiga colônia "Damus Petimus Que Vicissim" (do latim, "dar e esperar em troca"). Está assinado pelos responsáveis pelos Correios da época.
O excepcional selo foi emitido em 1856, uma época em que apenas alguns países tinham selos. A Guiana britânica recebia os selos por navio da Inglaterra. Em 1856, porém, uma carga se atrasou, o que ameaçou os envios postais em toda a colônia.
O chefe dos Correios pediu, então, à "gráfica" do jornal local "Royal Gazette" que fabricasse os selos: um centavo e quatro centavos de cor vermelho-magenta e de quatro centavos de cor azul.
Alguns selos de quatro centavos ainda existem, mas há apenas um exemplar conhecido do One-Cent Magenta. De acordo com a Sotheby's, nem mesmo a Família Real dispõe de um exemplar dele em sua coleção filatélica.
O One-Cent Magenta foi encontrado em 1873 por um garoto escocês, de 12 anos, durante uma viagem à Guiana britânica. Ele o vendeu naquele ano mesmo por alguns xelins para um colecionador local, que levou o selo para Glasgow para examiná-lo.
Em 1878, é comprado por outro colecionador, do leste de Liverpool, na Inglaterra. Depois disso, quem o adquire é o conde francês Philippe la Renotière von Ferrary, que o deixará para o Museu de Berlim após sua morte.
Ao final da Primeira Guerra Mundial, porém, a França se apodera do selo, como parte da indenização que a Alemanha teve de pagar. O selo é, então, revendido em um leilão de 1922, quando é comprado por Arthur Hind, um magnata do setor têxtil de Nova York. Custou o que equivaleria, hoje, a US$ 35 mil.
O One-Cent Magenta ainda mudará de mãos pelo menos mais duas vezes. Em 1970, baterá outro recorde de leilões, vendido a US$ 280 mil.
Em 1980, é comprado por US$ 935 mil por John E. du Pont, herdeiro do grupo químico americano, filatélico e milionário excêntrico, que faleceu em 2010 na prisão. Foram os gestores de seu patrimônio que puseram o selo à venda.
O selo não era visto em público desde 1986. Antes de sua venda, a Sotheby's o exibiu em Londres, Hong Kong e Nova York.