Ruanda aprova emenda constitucional que permite novo mandato do presidente

Kigali, 19 dez 2015 (AFP) - Os eleitores de Ruanda aprovaram a reforma constitucional que permite ao presidente Paul Kagame ser candidato a um terceiro mandato consecutivo e, se for o caso, governar o país até 2034.

O "Sim" à emenda constitucional recebeu 98,4% dos votos, contra 1,6% para o "Não", segundo resultados divulgados pela Comissão Eleitoral correspondentes aos 30 distritos do país.

"Nós testemunhamos a vontade do povo. É claro que o que as pessoas querem, podem obter", afirmou a presidente da Comissão Eleitoral, Kalisa Mbanda.

"O povo pediu uma reforma constitucional e conseguiu", completou Kalisa, citada pelo jornal pró-governo "New Times".

Cerca de 3,7 milhões de ruandeses apresentaram uma petição para que Kagame possa se manter no poder após o fim de seu governo. Último permitido pela atual Constituição, seu mandato termina em 2017.

No total, 6,4 milhões de ruandeses estavam registrados para votar no referendo de reforma constitucional, que inclui vários artigos, em particular o 101 e o 172. Potencialmente, estes artigos autorizam Kagame, de 58 anos, a permanecer no poder por mais 17.

Eleito presidente em 2003 e reeleito em 2010 com mais de 90% dos votos em cada ocasião, Kagame é o homem forte de Ruanda desde julho de 1994, quando a Frente Patriótica Ruandesa (FPR) expulsou de Kigali os extremistas hutus e acabou com o genocídio que matou 800.000 pessoas. A maioria das vítimas era integrante da minoria tutsi.

Neste sábado, a Casa Branca pediu ao presidente Paul Kagame que respeite o limite existente a respeito do número de mandatos presidenciais.

"Os Estados Unidos estão decepcionados, porque, em um curto prazo, convocou-se um referendo para emendar a Constituição de Ruanda e introduzir exceções aos limites de mandatos", declarou o governo americano, em uma nota.

"Embora elogiemos o povo de Ruanda por terem exercido pacificamente seus direitos civis, lamentamos que a modalidade em que se realizou o referendo não deu tempo suficiente, nem as oportunidades para um debate político sobre o fundo das disposições propostas", completou a Casa Branca.

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