Bombas e franco-atiradores do EI freiam forças iraquianas em Ramadi
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Vincenzo Livieri/ AFP
As tropas antiterroristas enfrentaram pouca resistência ao entrar no centro de Ramadi há quatro dias, em sua última ofensiva para reconquistar a cidade que o EI tomou em maio.
No entanto, os combatentes jihadistas preferiram concentrar sua defesa em torno de um complexo governamental de Ramadi, no bairro de Hoz, onde as forças iraquianas tentam entrar.
"Enfrentamos muitos obstáculos, sobretudo franco-atiradores e carros-bomba", contou um soldado das tropas antiterroristas, o tenente Bashar Hussein, a partir do bairro de Dhubat, ao sul de Hoz.
O terreno permite que um número reduzido de combatentes possa conter o avanço de um grupo mais numeroso.
Os soldados iraquianos se encontravam a 500 metros do edifício na quinta-feira, e só conseguiram avançar um pouco nesta sexta.
"A resistência do Daesh (acrônimo em árabe do EI) se tornou mais forte à medida que as forças iraquianas se aproximavam do complexo governamental", disse à AFP um oficial que quis manter o anonimato.
"Nossas forças estão agora a mais de 300 metros destes edifícios", disse.
Considera-se que o EI ainda tenha menos de 400 membros na cidade, e algumas fontes afirmam que vários de seus combatentes estão se retirando do front utilizando civis como escudos.
"As operações para libertar Ramadi precisam de tempo. Não é simples retomá-la rapidamente", explicou Ibrahim al Fahdawi, chefe do comitê de segurança da localidade de Jaldiya.
"Casas com armadilhas, ataques suicidas, bombas improvisadas, franco-atiradores, morteiros, foguetes: o Daesh está utilizando tudo o que tem para deter o avanço das forças de segurança", disse Fahdawi.
Civis presosO EI publicou vários comunicados na internet nos dois últimos dias, nos quais disse ter causado muitas vítimas em ataques lançados em Ramadi.
As forças governamentais só admitiram ter feridos em suas fileiras, mas disseram ser capazes de repelir os atentados suicidas com carros-bomba.
Segundo duas fontes militares, ao menos três combatentes governamentais morreram e 13 ficaram feridos nesta sexta-feira em Hoz.
A perda de Ramadi, capital da província ocidental de Al-Anbar, foi a pior derrota infligida às tropas de Bagdá pelo EI desde que o grupo jihadista tomou um terço do território do país, no ano passado.
Um dos elementos chave na vitória da organização em maio foram os dezenas de ataques suicidas com carros, mas, seis meses depois, as forças iraquianas chegaram preparadas.
"Tentaram, mas tiveram menos êxito por vários motivos", explicou o coronel Steve Warren, porta-voz da coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos.
"Tanto os iraquianos quanto a coalizão melhoraram muito em identificar antes estas ameaças", afirmou.
A coalizão também entregou 5.000 lança-foguetes antitanques AT4 às forças governamentais e as treinou para utilizar estas armas, acrescentou Warren.
O avanço das tropas iraquianas também foi freado pela presença de civis presos em suas casas.
Segundo Fahdawi, dezenas de famílias seguiam na cidade nesta sexta-feira, sobretudo nos bairros de Al Thayla e Al Jamaiya.
"O Daesh deteve todos os homens e deixou as mulheres e as crianças em suas casas. Talvez quisesse evitar uma revolta contra eles por parte do que resta da população masculina", contou.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, afirmou que, depois de retomar Ramadi, suas tropas reconquistarão Mossul (norte), a segunda cidade do país, que também está nas mãos do EI.
"A reconquista de nossa bem-amada Mossul será alcançada com a cooperação e a unidade de todos os iraquianos depois da vitória na cidade de Ramadi", declarou.
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