EUA e Irã se reúnem em Viena antes de levantar sanções contra Teerã

Viena, 16 Jan 2016 (AFP) - Os dois principais artífices do acordo nuclear iraniano, o secretário de estado americano John Kerry e seu colega iraniano Mohamad Javad Zarif, se reúnem neste sábado em Viena para aplicar este texto, que prevê o levantamento das sanções internacionais contra Teerã.

As sanções contra o Irã serão levantadas hoje, declarou na manhã deste sábado Mohamad Javad Zarif ao chegar a Viena.

"Hoje é um bom dia para o povo iraniano e as sanções serão levantadas", acrescentou o ministro iraniano, que também classificou o dia como bom "para a região" e "para o mundo".

Segundo a agência oficial Irna, que cita estas declarações, Zarif já encontra em Viena, onde participará de uma cerimônia para anunciar a colocação em andamento do acordo nuclear assinado em julho de 2015 entre Teerã e as grandes potências.

Esta cerimônia deve ser realizada neste sábado, segundo os meios de comunicação iranianos, que não excluem, no entanto, que seja adiado e realizado no domingo.

Kerry, que estava na sexta-feira em Londres, planeja chegar neste sábado à capital austríaca para realizar consultas com Zarif e com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, segundo o Departamento de Estado.

Há vários dias Teerã considera iminente a colocação em andamento do acordo assinado em julho, e que pôs fim a um conflito de mais de 13 anos.

Este acordo garante que o Irã não se dote da bomba atômica em troca de um levantamento progressivo e controlado das sanções internacionais adotadas a partir de 2006 pelo controverso programa nuclear iraniano.

A República Islâmica do Irã sempre negou ter desejado obter uma arma nuclear, mas reivindica seu direito a explorar seu setor nuclear com fins civis e pacíficos.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com sede em Viena, estabeleceu em dezembro, no entanto, que Teerã havia realizado até 2009 pesquisas para produzir uma bomba.

A AIEA precisa agora confirmar formalmente que os iranianos respeitam os compromissos incluídos no acordo de julho. Um relatório neste sentido será divulgado provavelmente neste sábado, segundo fontes diplomáticas na capital austríaca.

Então a União Europeia (UE), os Estados Unidos e a ONU devem iniciar um levantamento controlado das sanções internacionais que afetam gravemente a economia do Irã, um país de 77 milhões de habitantes com grandes recursos petrolíferos e gasíferos.

Queda do petróleoO acordo de Viena, negociado pelo Irã e pelas grandes potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha, sob a égide da UE) é considerado um grande êxito diplomático para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e para seu colega iraniano, o moderado Hassan Rohani.

Na segunda-feira, afirmou que Teerã estava prestes a iniciar "um ano de prosperidade econômica" com o levantamento das sanções.

Os meios econômicos internacionais estão prontos há vários meses para voltar ao Irã, que possui as quartas maiores reservas de petróleo do mundo e as segundas de gás. O Irã, um país da Opep, poderá voltar a exportar livremente seu petróleo.

Neste contexto, o preço do petróleo ficou abaixo dos 30 dólares o barril na sexta-feira, devido ao fato de os mercados já anteciparem a chegada do petróleo iraniano a um mercado onde a oferta é excessivamente abundante.

O acordo de Viena também é considerado um esboço de reconciliação entre Washington e Teerã, mais de 35 anos depois da ruptura de suas relações diplomáticas.

Mas esta possível aproximação iraniana-americana preocupa e enfurece os tradicionais aliados de Washington na região, a sunita Arábia Saudita e Israel, que temem a influência da grande potência xiita que é o Irã na zona.

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