Ocidentais pressionam Kiev e Moscou a agir pela paz
Munique, Alemanha, 7 Fev 2015 (AFP) - Os Ocidentais pediram neste sábado ao presidente russo, Vladimir Putin, "atos" em favor da paz na Ucrânia e pressionaram Kiev a aceitar "decisões necessárias", no momento em que a situação piora no leste do país.
Em um gesto de desespero, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, mostrou durante uma conferência em Munique vários passaportes de soldados russos que teriam entrado na Ucrânia para provar "a agressão e a presença de tropas russas", combatendo ao lado dos rebeldes.
"Eu trouxe os passaportes e as carteiras de identidade militares de soldados russos, de oficiais russos, que entraram em nossa casa (...) essa é a melhor prova da agressão e da presença russa" em território ucraniano, afirmou o presidente, na Conferência sobre Segurança, que acontece em Munique.
"Nosso vizinho violou o Direito Internacional e anexou parte do nosso território. Hoje, um ex-parceiro estratégico lançou uma guerra secreta contra um Estado soberano", denunciou Poroshenko.
Poucos minutos antes, o vice-presidente americano, Joe Biden, exigiu do líder russo Vladimir Putin "atos, não palavras" para frear o conflito armado.
"Levando-se em conta a recente história da Rússia precisamos julgar seus atos, não suas palavras (...) Muitas vezes o presidente Putin prometeu paz e entregou tanques, tropas e armas", advertiu Biden na conferência de Munique.
Já a chanceler alemã, Angela Merkel, tinha dúvidas neste sábado sobre o sucesso da iniciativa de paz franco-alemã para a Ucrânia, considerada pelo presidente francês, François Hollande, uma das últimas oportunidades para se evitar a guerra.
"Não é certo que essa negociação tenha êxito (...) mas compartilho com o presidente François Hollande que vale a pena tentar", afirmou a chanceler, em Munique, enquanto a situação no terreno parece se deteriorar rapidamente.
Segundo o o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que também está em Munique, o sucesso da iniciativa franco-alemã para devolver a paz à Ucrânia será decidido em breve.
"Vai-se decidir nos próximos dois, ou três dias, se essa forma é viável", disse Steinmeier, neste sábado.
Na sexta-feira, Merkel e Hollande se reuniram com Putin, em Moscou, para discutir a ideia. Após cinco horas de negociações, ambos obtiveram a concordância do colega russo para a elaboração de um plano de paz que consiga pôr fim a dez meses de guerra no leste da Ucrânia. Desde abril passado, mais 5.300 pessoas morreram, em sua maioria civis.
Neste sábado, porém, ao menos cinco soldados ucranianos e sete civis morreram no leste, e os disparos de foguetes prosseguem sem cessar em Debaltseve, uma das mais importantes frentes de combate.
O Exército ucraniano alertou que as tropas separatistas e russas estavam "reunindo forças para uma ofensiva contra Debaltseve e Mariupol", duas cidades estratégicas sob controle de Kiev.
"Se não alcançarmos um acordo duradouro de paz, sabemos perfeitamente o cenário, que tem um nome e se chama guerra", considerou o chefe de Estado francês neste sábado em seu retorno à França.
Várias questões continuam suspensas antes de um eventual acordo entre as partes em conflito, indicou uma fonte de sua comitiva, citando o "status dos territórios" conquistados pelos separatistas, o "controle das fronteiras" e a "retirada das armas pesadas".
"No domingo, veremos se poderemos seguir na direção de uma conclusão. Se não chegarmos a uma conclusão amanhã, prosseguiremos com as discussões enquanto for necessário, mas não temos muito tempo", acrescentou a fonte consultada pela AFP, na véspera de uma teleconferência entre Hollande, Putin, Poroshenko e Merkel.
Tanques ou a paz? Vladimir Putin disse, por sua vez, que a Rússia "não pensa em travar uma guerra contra ninguém".
"Graças a Deus, não há guerra. Mas há uma tentativa de frear nosso desenvolvimento por diversos meios", afirmou, referindo-se às sanções ocidentais que sufocam a economia nacional.
Já o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, mostrou-se prudentemente otimista.
"Essas negociações vão continuar, como vocês já sabem. Acreditamos que é perfeitamente possível alcançar resultados e acordos sobre recomendações que permitam às duas partes desativar verdadeiramente o conflito", declarou em Munique.
Seu colega alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu a Moscou e a Kiev "as decisões necessárias" para avançar na redação de um plano de paz.
Diante de um desastroso quadro militar e econômico, Poroshenko está sob pressão frente aos separatistas, que exigem mais autonomia e o reconhecimento, nas negociações, dos ganhos territoriais nas últimas semanas.
Os apelos de Poroshenko - especialmente aos Estados Unidos e ao Leste Europeu - por armas para o Exército ucraniano a fim de reequilibrar a relação de forças no terreno também alimentam as tensões.
Sem comentar diretamente a questão, que ainda não foi decidida, Biden destacou que Kiev tem o direito de "se defender" contra os separatistas. Paris e Berlim já excluíram, porém, essa opção.
"Eu não vejo como armar o Exército ucraniano impressionaria o presidente Putin (...) Isso levaria a mais vítimas", rebateu a chanceler alemã.
As negociações em andamento visam à aplicação do protocolo de acordo assinado por Kiev e os rebeldes em Minsk, em setembro de 2014. O texto previa um cessar-fogo e a retirada de "grupos armados ilegais, armas pesadas e de todos os combatentes e mercenários do território ucraniano".
bur-vl/axr/mr/tt
Em um gesto de desespero, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, mostrou durante uma conferência em Munique vários passaportes de soldados russos que teriam entrado na Ucrânia para provar "a agressão e a presença de tropas russas", combatendo ao lado dos rebeldes.
"Eu trouxe os passaportes e as carteiras de identidade militares de soldados russos, de oficiais russos, que entraram em nossa casa (...) essa é a melhor prova da agressão e da presença russa" em território ucraniano, afirmou o presidente, na Conferência sobre Segurança, que acontece em Munique.
"Nosso vizinho violou o Direito Internacional e anexou parte do nosso território. Hoje, um ex-parceiro estratégico lançou uma guerra secreta contra um Estado soberano", denunciou Poroshenko.
Poucos minutos antes, o vice-presidente americano, Joe Biden, exigiu do líder russo Vladimir Putin "atos, não palavras" para frear o conflito armado.
"Levando-se em conta a recente história da Rússia precisamos julgar seus atos, não suas palavras (...) Muitas vezes o presidente Putin prometeu paz e entregou tanques, tropas e armas", advertiu Biden na conferência de Munique.
Já a chanceler alemã, Angela Merkel, tinha dúvidas neste sábado sobre o sucesso da iniciativa de paz franco-alemã para a Ucrânia, considerada pelo presidente francês, François Hollande, uma das últimas oportunidades para se evitar a guerra.
"Não é certo que essa negociação tenha êxito (...) mas compartilho com o presidente François Hollande que vale a pena tentar", afirmou a chanceler, em Munique, enquanto a situação no terreno parece se deteriorar rapidamente.
Segundo o o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que também está em Munique, o sucesso da iniciativa franco-alemã para devolver a paz à Ucrânia será decidido em breve.
"Vai-se decidir nos próximos dois, ou três dias, se essa forma é viável", disse Steinmeier, neste sábado.
Na sexta-feira, Merkel e Hollande se reuniram com Putin, em Moscou, para discutir a ideia. Após cinco horas de negociações, ambos obtiveram a concordância do colega russo para a elaboração de um plano de paz que consiga pôr fim a dez meses de guerra no leste da Ucrânia. Desde abril passado, mais 5.300 pessoas morreram, em sua maioria civis.
Neste sábado, porém, ao menos cinco soldados ucranianos e sete civis morreram no leste, e os disparos de foguetes prosseguem sem cessar em Debaltseve, uma das mais importantes frentes de combate.
O Exército ucraniano alertou que as tropas separatistas e russas estavam "reunindo forças para uma ofensiva contra Debaltseve e Mariupol", duas cidades estratégicas sob controle de Kiev.
"Se não alcançarmos um acordo duradouro de paz, sabemos perfeitamente o cenário, que tem um nome e se chama guerra", considerou o chefe de Estado francês neste sábado em seu retorno à França.
Várias questões continuam suspensas antes de um eventual acordo entre as partes em conflito, indicou uma fonte de sua comitiva, citando o "status dos territórios" conquistados pelos separatistas, o "controle das fronteiras" e a "retirada das armas pesadas".
"No domingo, veremos se poderemos seguir na direção de uma conclusão. Se não chegarmos a uma conclusão amanhã, prosseguiremos com as discussões enquanto for necessário, mas não temos muito tempo", acrescentou a fonte consultada pela AFP, na véspera de uma teleconferência entre Hollande, Putin, Poroshenko e Merkel.
Tanques ou a paz? Vladimir Putin disse, por sua vez, que a Rússia "não pensa em travar uma guerra contra ninguém".
"Graças a Deus, não há guerra. Mas há uma tentativa de frear nosso desenvolvimento por diversos meios", afirmou, referindo-se às sanções ocidentais que sufocam a economia nacional.
Já o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, mostrou-se prudentemente otimista.
"Essas negociações vão continuar, como vocês já sabem. Acreditamos que é perfeitamente possível alcançar resultados e acordos sobre recomendações que permitam às duas partes desativar verdadeiramente o conflito", declarou em Munique.
Seu colega alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu a Moscou e a Kiev "as decisões necessárias" para avançar na redação de um plano de paz.
Diante de um desastroso quadro militar e econômico, Poroshenko está sob pressão frente aos separatistas, que exigem mais autonomia e o reconhecimento, nas negociações, dos ganhos territoriais nas últimas semanas.
Os apelos de Poroshenko - especialmente aos Estados Unidos e ao Leste Europeu - por armas para o Exército ucraniano a fim de reequilibrar a relação de forças no terreno também alimentam as tensões.
Sem comentar diretamente a questão, que ainda não foi decidida, Biden destacou que Kiev tem o direito de "se defender" contra os separatistas. Paris e Berlim já excluíram, porém, essa opção.
"Eu não vejo como armar o Exército ucraniano impressionaria o presidente Putin (...) Isso levaria a mais vítimas", rebateu a chanceler alemã.
As negociações em andamento visam à aplicação do protocolo de acordo assinado por Kiev e os rebeldes em Minsk, em setembro de 2014. O texto previa um cessar-fogo e a retirada de "grupos armados ilegais, armas pesadas e de todos os combatentes e mercenários do território ucraniano".
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