Mais de 500 mortos desde o início da ofensiva do regime sírio em Aleppo
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Divulgação/Warner Bros.
Cena de "Sniper Americano", do diretor Clint Eastwood
Apesar das esperanças de uma solução política para conflito serem mínimas, representantes de 17 pessoas e de três países se reúnem na quinta-feira em Munique para tentar reativar o processo diplomático após o fracasso das negociações de paz em Genebra.
Mas a participação das partes em conflito em uma nova rodada de diálogos, prevista para 25 de fevereiro, parece difícil de acontecer. A oposição síria anunciou nesta quarta que só voltará à mesa de negociações com o fim dos cercos a várias cidades e dos bombardeios contra áreas civis.
Em sessão do Conselho de Segurança da ONU nesta quarta-feira, Paris e Londres pressionaram Moscou para que suspenda seus bombardeios na Síria.
A pressão também aumenta para que a Turquia abra sua fronteira a 30.000 pessoas que fogem das zonas de combate no norte da Síria.
Milhares de civis, majoritariamente mulheres e crianças, vivem em acampamentos saturados perto do posto fronteiriço de Oncupinar, único ponto de passagem acessível entre o norte da província de Aleppo e a Turquia, fechado há meses.
A situação humanitária é crítica no terreno. A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) advertiu nesta quarta que o sistema de saúde na região entre o norte da província síria de Aleppo e a Turquia "está prestes a entrar em colapso".
No campo militar, combatentes do regime e rebeldes travavam intensas batalhas na região de Tamura enquanto a aviação russa realiza bombardeios contra várias localidades, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Desde o início da ofensiva, em 1º de fevereiro, o regime de Damasco, apoiado pelo Hezbollah libanês e por milicianos iranianos, retomou vários setores no norte da província de Aleppo e cerca agora os insurgentes nos bairros do leste da cidade homônima, onde 350.000 civis vivem.
O regime também avança a Tall Rifaat, um dos três últimos redutos dos rebeldes, que costumam abandonar algumas posições para reduzir suas perdas.
Segundo o OSDH, que possui uma ampla rede de fontes em todo o país, nestes dez dias de ofensiva 506 pessoas morreram em Aleppo, província do norte da Síria, incluindo 23 crianças, atingidas pelos bombardeios russos.
"Ao menos 143 combatentes do regime, 274 rebeldes e jihadistas estrangeiros, assim como 89 civis morreram entre 1º de fevereiro até a noite de terça-feira", indicou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
Sangue, massacre e ruínasAo prosseguir com seus bombardeios, a Rússia ignora os apelos da ONU e dos Estados Unidos em favor de um cessar-fogo, e desmente que seus ataques matem civis.
Estes ataques "favorecem diretamente" ao grupo Estado Islâmico (EI), denunciou o emissário especial do presidente americano, Barack Obama, para a coalizão internacional anti-jihadista, Brett McGurk.
"A Rússia e o regime sírio atacam deliberadamente a oposição e, consequentemente, reforçam" o EI, disse o chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond.
Com os combates, dezenas de milhares de habitantes fugiram de suas casas na província de Aleppo à fronteira turca: a ONU calcula que são 31.000, 80% dos quais mulheres e crianças.
Mas a Turquia mantém fechado o posto fronteiriço de Oncupinar, único ponto de passagem acessível entre o norte da província de Aleppo e a Turquia, embora ele esteja aberto para feridos, doentes e comboios de ajuda.
Nesta quarta-feira, caminhões voltaram a passar para a Síria para levar ajuda aos sírios, enquanto os feridos foram internados em um hospital da localidade fronteiriça turca de Kilis.
Abdel Karim Bahlul, um dos que conseguiram passar à Turquia, descreve uma "situação horrível em Tall Rifaat e nos povoados ao norte de Aleppo.
"As crianças morrem sob os bombardeios, de fome e frio. As pessoas estão nas estradas, e não têm para onde ir. Os bombardeios russos pararam a vida em Tall Rifaat e em outros povoados. Só há sangue, massacres e ruínas", disse.
A Turquia, que já acolhe 2,7 milhões de refugiados sírios, teme um novo fluxo que pode ser de mais 600.000 pessoas.
O objetivo de Ancara é, até o momento, manter esta onda de migrantes para além de suas fronteiras e conceder aos refugiados os serviços necessários.
O primeiro-ministro turco afirmou que é "hipócrita que alguns digam para que a Turquia abra as suas fronteiras quando não dão um basta às ações da Rússia".
Sob os bombardeios russos, o enviado especial do presidente americano Barack Obama para a coalizão internacional anti-jihadista, Brett McGurk, declarou que "o que a Rússia tem feito favorece diretamente o grupo Estado Islâmico".
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